terça-feira, 10 de junho de 2008

PORTUGAL

Nevoeiro

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!



in Mensagem, Fernando Pessoa

1 comentário:

a d´almeida nunes disse...

Nuito obrigad pela visita naquele meu dispersamente, que o tentei (indevidamente) associar Fernando Pessoa.
Mas a poesia de Fernando Pessoa!...