domingo, 15 de junho de 2008

EXAMES NACIONAIS - INSEGURANÇA

Como é hábito há muitos anos - e este ano não é excepção -, os exames nacionais do ensino secundário ganham uma aura de segurança bizarra: são rodeados de segurança férrea (vide notícia) até serem entregues aos professores-correctores, momento em que ficam completamente a descoberto de qualquer protecção.
O professor-corrector, munidos de 50 a 100 exames, fica completamente subjugado à sua sorte: um qualquer acidente, um qualquer assalto, uma qualquer ameaça... Ainda por cima, se tivermos em conta as voltas que tem de dar com os exames na mão (não sei se o dinheiro começa a chegar para comprar uma pasta em condições), desde o agrupamento onde lhe são distribuídos até aí os voltar a entregar uns dias depois...
Há uns anos, resolvi lutar contra esta situação. Vou contá-la com todas as letras. Muitos colegas conhecerão esta minha história, que se passou no agrupamento de exames Olivais-Norte, há uns anos atrás.
Fui convocado para uma reunião preparatória da correcção de exames onde os mesmos haveriam de ser distribuídos. Quase ia chegando atrasado, porque me foi muito difícil encontrar um lugar para estacionar o carro, naquela zona dos Olivais (Lisboa). O parque de estacionamento da escola estava vazio, mas não me deixaram entrar, apesar de me identificar e me conhecerem de há vários anos nesta missão.
Fiquei furibundo com a bizarrice e afirmei, na sede de agrupamento, que não entregaria os exames se, no dia marcado para tal, não me fosse permitido entrar com o carro no parque de estacionamento. Sentia-me inseguro na procura de um local de estacionamento e receava vir com os exames a descoberto, num percurso mais ou menos longo e desconhecido.
Chegado o dia e a hora marcada para a entrega, o bizarro voltou a acontecer: um parque de estacionamento vazio e um porteiro que voltou a não me permitir a entrada, apesar dos rogos e identificação. Ainda ali fiquei, longos minutos, bloqueando a entrada à espera de que fosse aberto o portão. Por fim, lá decidir facultar a entrada a uma colega dessa escola e procurar, bem longe, um lugar para estacionar.
No entanto, eu não estava ali para brincar, pois com coisas sérias não se brinca.
Liguei à PSP, contei a situação, afirmei o meu receio numa rua desconhecida, solicitei a sua presença e a sua escolta até ao local da entrega dos exames. Prontamente chegaram, num carro-patrulha, de onde saíram dois agentes, a quem denunciei os meus receios e que amavelmente acederam ao meu pedido.
Num instante, o cenário tornou-se realidade: rua fora, um professor com um envelope cheio de exames corrigidos e dois agentes da PSP escoltando-o até à mesa onde os exames foram entregues.
E assim me consciencializei da bizarra segurança dos exames nacionais e dos direitos que tem um professor-corrector de exames.

Publicada por Ilídio Trindade

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