segunda-feira, 30 de agosto de 2010

A PROPÓSITO DOS PROFESSORES...

Por Maria Nazaré Oliveira *

Os problemas continuam, pior, há novos problemas e agravaram-se os que já existiam!


Os responsáveis políticos esquecem-se que sem verdadeiro investimento na Educação e nos professores nada vingará nem tão cedo sairemos do marasmo, mediania e cauda da União Europeia. Porque esse investimento, que se pretende de qualidade, se traduzirá, por isso mesmo, na melhoria do ensino e na preparação dos nossos jovens para o assumir de responsabilidades profissionais mas, também, cívicas, lamentavelmente tão pouco visíveis num país que já tem mais de três décadas de democracia!
Nada se poderá fazer de autêntico e credível sem se valorizar a Educação e os professores, os grandes agentes da mudança. Mudança que já tarda e que já preocupa quando olhamos para outros parceiros comunitários e para os resultados do investimento que fizeram na Educação.

Vim para o ensino por opção e gosto muito do que faço. Nunca temi a sua avaliação nem a dos seus encarregados de educação! Mas, ao fim destes anos, de facto, não há grandes compensações, a não ser a satisfação e motivação desses jovens perante o trabalho que desenvolvo, o seu sucesso e o afecto que a eles sempre me liga e ligará.

Estamos num país onde todos buscam protagonismo a qualquer preço! Todos querem mandar! Todos querem ser chefes, dar ordens... todos querem opinar sobre a educação e os professores, todos se acham uns "iluminados", até mesmo os que há anos têm estado afastados do ensino e das escolas, das salas de aula, essas, sim, o verdadeiro terreno de quem trabalha ensinando. E nunca me assustou ser avaliada, como aliás sempre fui, apesar de considerar que o antigo modelo de avaliação também não me agradava, por ser, justamente, muito nivelador "por baixo", pouco ou nada exigente na averiguação do trabalho desempenhado pelos professores e, por isso mesmo, injusto e rejeitável. No entanto, há qualquer coisa que continua a falhar na avaliação dos professores, este novo modelo que o Ministério começou por impor e nas posições dos sindicatos. Neste Governo, cada vez mais preocupado com a imagem e não com a realidade. Com um discurso estéril e repetitivo, escandalosamente demagógico, irónico e falsamente optimista, animado pelo clientelismo político que cada vez mais toma conta da governação, da Assembleia da República e até dos sindicatos.

Que negociações têm sido estas? Que mudanças positivas e de propostas credíveis saíram dessas reuniões com os sindicatos e o Ministério da Educação? Alguns chegaram a cantar vitória perante as palavras sorridentes de uma nova ministra, nada convincente e muito pouco segura do que diz! Vitória? Porquê? Que reivindicações foram satisfeitas? Foram as que verdadeiramente nos preocupavam? Aquelas que são fundamentais para a nossa carreira e lhe dão a dignidade e o reconhecimento merecidos? Aquelas que o país e os nossos jovens necessitam para sair da mediocridade e do baixo nível que atingimos no seio da Europa comunitária?

Os problemas continuam, pior, há novos problemas e agravaram-se os que já existiam! Reina o desalento, a confusão derivada da ineficácia e do absurdo de certas decisões "vindas de cima", por exemplo, o estatuto do aluno, a forma como "vê" a sua assiduidade, a forma contemplativa, permissiva e até irresponsável com que a trata... não penalizando verdadeiramente quem não vai às aulas, nem os seus pais tantas vezes coniventes, banalizando e desautorizando o papel do professor, uma vez que, por exemplo, o obriga a fazer provas de recuperação sabendo de antemão que, assim, "tapa o sol com a peneira", mascara a realidade e contribui para a cada vez maior desresponsabilização dos alunos! E estes já se aperceberam do esquema. Já viram que a falta de assiduidade não é grave... que há sempre uma justificaçãozinha ou uma provazinha à sua espera! Continuam a faltar! Sem vergonha nenhuma. Tantas vezes apoiados por encarregados de educação que justificam tudo e mais alguma coisa, muitos deles prontos a criticar os professores mas aceitando tudo dos seus educandos!

As pessoas não imaginam o tempo que o professor-director de Turma perde com estas situações criadas pelos alunos que faltam frequentemente, que são indisciplinados... o tempo que perde em contactos inglórios com os encarregados de educação, quer pelo telefone quer por carta! E muitos nem sequer respondem! E o dinheiro que as escolas gastam semanalmente com coisas destas!

O que se deveria fazer? Multas! Pagar! Talvez assim percebessem que o primeiro responsável pelo seu educando é o pai e/ou a mãe e não somente a escola/os professores.

A escola e o professor apoiam sempre o aluno nos termos em que a legislação o permite e exige, não significando isto que a responsabilidade seja só da escola. Considero, pela minha experiência, que a legislação deveria ser mais exigente quanto à intervenção (ou não-intervenção!) dos pais e encarregados de educação na vida escolar dos seus filhos. Em matéria de apoios pedagógicos dados aos seus educandos, e que deveriam verdadeiramente acompanhar, mas também em relação às atitudes/comportamentos, devendo ser responsabilizados igualmente pelos mesmos.

Enquanto o "português espertalhão" continuar sossegado a pensar que haverá sempre alguém que fará o seu trabalho ou que haverá sempre uma razão para não o fazer, "saindo habilidosamente de cena", continuaremos a verificar a falência de projectos e iniciativas verdadeiramente voltados para a consciencialização do nosso país, adiando cada vez mais o seu desenvolvimento e a sua modernização. Sem a valorização da classe docente, com uma séria avaliação do seu trabalho e o reforço da sua autoridade, nenhum país será um grande país.

* Professora do Ensino Secundário

In Jornal Público (30-08-2010)

O que vai mudar no próximo ano lectivo?

Longe vão os tempos em que os professores eram bombardeados diariamente com decretos, portarias e despachos que afogavam as escolas num processo de revolução permanente. Foram os tempos de Maria de Lurdes Rodrigues, Jorge Pedreira e Valter Lemos. Tempos idos que não deixaram saudades; mas deixaram os professores exaustos e as escolas numa confusão sem precedentes.

O ano lectivo vai iniciar-se, em todo o país, entre 8 e 13 de Setembro.

O que vai mudar?

Há mais 701 escolas de pequena dimensão encerradas. O ME queria fechar apenas 500, mas os autarcas foram mais longe. Não foram capazes de resistir à criação de grandes e vistosos centros escolares. Não há nada que faça mais feliz um autarca do que ser visto a inaugurar um edifício de encher o olho.

O ano lectivo começará com mais 10 mil crianças deslocadas. Muitas terão de fazer diariamente mais de 30 quilómetros em deslocações de casa para a escola.

São também 700 as escolas que iniciam o ano lectivo com o sistema de videovigilância activo. Os directores aplaudem e dizem que será mais fácil prevenir roubos. Para os alunos, a videovigilância obrigará a um maior autocontrolo nas atitudes e comportamentos. Falta saber quanto vai custar a manutenção do sistema e quem o vai pagar. Até Dezembro, a videovigilância vai estender-se a 1000 escolas.


Apesar do recuo do ME, que tencionava integrar as escolas secundárias não agrupadas em agrupamentos verticais gigantescos, são ainda 84 os mega-agrupamentos criados. As escolas integradas nos mega-agrupamentos vão passar por mais um processo eleitoral, sujeitando os professores a mais mudanças, constituição de novos órgãos e criação de novas lideranças.

O novo Estatuto do Aluno traz alguma esperança na prevenção e combate à indisciplina e violência escolar. Acabam as provas de recuperação. Quem ultrapassar o limite de faltas injustificadas será obrigado a seguir um plano individual de trabalho fora do horário lectivo regular. Caso o aluno reitere nas faltas, pode ficar retido. Os pais serão responsabilizados por danos causados à escola. Os prazos dos processos disciplinares serão encurtados.

Mas o ano lectivo começa também com algumas ameaças no horizonte provocadas pelo défice e pela enorme crise financeira em que o país está metido. É provável que o Ministério das Finanças impeça a realização de novo concurso de professores em 2011 e que regresse o congelamento das progressões.


E há outra má notícia já para Setembro. O famigerado modelo de avaliação de desempenho vai ser posto, de novo, em prática com mudanças ligeiras que em nada alteram a substância. De agora em diante, a avaliação fica a cargo dos relatores e é de prever que todos os docentes peçam assistência a aulas. Vai ser a confusão geral e o regresso da burocracia inútil e do mau ambiente. Não queria estar na pele dos relatores!
Posted by Ramiro Marques

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

PSD considera que novo Estatuto do Aluno é uma oportunidade perdida de pôr alguma ordem no ensino.

"Nós respeitamos a decisão do senhor Presidente da República e, mais do que isso, compreendemo-la, porque as últimas alterações ao estatuto do aluno acabaram com algumas aberrações que tinha sido criadas pelo Governo do engenheiro Sócrates na anterior legislatura", afirmou Pedro Duarte à Lusa.

O Presidente da República, Cavaco Silva, promulgou o Estatuto do Aluno, que acaba com as provas de recuperação e volta a distinguir faltas justificadas e injustificadas.

A nova versão do Estatuto do Aluno foi aprovada no Parlamento em votação final global a 22 de Julho, com os votos favoráveis de PS e CDS-PP. PSD, PCP, Bloco de Esquerda e Os Verdes votaram contra.

Para os sociais democratas, o estatuto do aluno saldou-se numa "oportunidade perdida".

"Podíamos ter ido muito mais longe. Esta podia ter sido uma oportunidade de pôr alguma ordem no nosso sistema de ensino, que bem dela necessita", argumentou Pedro Duarte.

O deputado referiu as duas propostas do PSD para o "reforço da autoridade dos professores" e para a "criação de equipas multidisciplinares para apoio a alunos com necessidades específicas" que foram inviabilizadas pelo PS e CDS-PP.

O novo diploma acaba com as provas de recuperação, realizadas pelos alunos com excesso de faltas, independentemente da sua natureza, um mecanismo introduzido pelo anterior Governo com o apoio da então maioria socialista.

É recuperada a distinção entre faltas justificadas e injustificadas e são reduzidos os prazos dos procedimentos disciplinares, alterações propostas por todos os partidos, incluindo os que vão votar contra, e pelo próprio Governo, que também tinha apresentado propostas nesse sentido.

O Estatuto do Aluno determina ainda que o "incumprimento reiterado" do dever de assiduidade determina "a retenção" do aluno.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Morreu a Actriz Maria Dulce


A actriz Maria Dulce, 73 anos, morreu esta terça-feira de manhã na sua casa em Bucelas (Loures), confirmou ao ‘CM’ Celso Cleto, que estava a ensaiar com a actriz a peça ‘Sabina Freire’.


A minha sentida homenagem a esta grande actriz. Paz à sua alma!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Novos Graus Académicos, investimento não compensa! - Retirado do Umbigo

O que interessa mesmo é fazer formações e pós-graduações em gestão e avaliação, que é considerado como formação especializada e dá fast-lane para órgãos de gestão e cargos de supervisão e avaliação.

Artigo 54.º
[...]
1 — A aquisição por docentes profissionalizados, integrados na carreira, do grau académico de mestre em domínio directamente relacionado com a área científica que leccionem ou em Ciências da Educação confere direito à redução de um ano no tempo de serviço legalmente exigido para a progressão ao escalão seguinte, desde que, em qualquer caso, na avaliação do desempenho docente lhes tenha sido sempre atribuída menção qualitativa igual ou superior a Bom.
2 — A aquisição por docentes profissionalizados, integrados na carreira, do grau académico de doutor em domínio directamente relacionado com a área científica que leccionem ou em Ciências da Educação confere direito à redução de dois anos no tempo de serviço legalmente exigido para a progressão ao escalão seguinte, desde que, em qualquer caso, na avaliação do desempenho docente lhes tenha sido sempre atribuída menção qualitativa igual ou superior a Bom

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Medina Carreira: fechar escolas para quê?

Foi no post do Ramiro Medina Carreira: fechar escolas para quê? que li este desejo de Medina Carreira, com o qual me identifico na totalidade.

Mas vale a pena pararmos para pensar. Não tenho dúvidas que José Sócrates é um primeiro-ministro incompetente e sem escrúpulos que assim seja e ainda por cima, em nome não sei de quê (partidos?), tem quem o continue a apoiar e tem ainda quem queira trabalhar (?) com ele e quem ainda vote nele… Mesmo para todos aqueles que votam PS porque acreditam no socialismo, pergunto se “isto” que Sócrates anda a fazer é o socialismo em que acreditam. Onde estão as convicções de cada um? Onde está o contributo de cada um de nós para fazer erguer Portugal? E votamos em partidos ou votamos em valores? O que está a acontecer a um partido que permite que uma pessoa como José Sócrates se torne primeiro-ministro e ainda seja reeleito? E ainda se vem falar em unidade do partido… É demais para mim!

Se é verdade que temos uma geração de políticos em que a falta de credibilidade abunda, de uma ponta do quadrante político à outra, talvez signifique então que por um lado urge começar a limpar Portugal, também a nível político e, por outro, urge tornarmo-nos cidadãos mais interventivos, mais esclarecidos, mais interessados no seu país, porque Portugal somos todos e os políticos representam-nos! Quem somos nós como povo para termos um primeiro-ministro desta natureza? Mas, acima de tudo, o que queremos ser para travar este processo?

E fica, com Medina Carreira, o meu desejo “quem dera que Portugal tivesse um primeiro-ministro a sério”! Mas, para isso, vamos ter que escolher entre partidos e valores!

Posted by Ramiro Marques

domingo, 15 de agosto de 2010

TRISTE NOTÍCIA



Hoje é um dia de grande tristeza para a Museologia. Partiu um grande Homem da Museologia, da História e da Ciência. Um Homem com uma grandeza de alma e uma humanidade sem limites.


Até sempre Prof. Dr. Alfredo Tinoco!

domingo, 8 de agosto de 2010

As baboseiras de MST sobre os professores...

Que me processe, que disparate, que ignore, tanto me faz.

Mas não gosto de ler baboseiras em página inteira, pagas a peso de ouro, sem reagir.

Grande parte da crónica desta semana de Miguel Sousa Tavares é um desfiar de inexactidões, traumas mal resolvidos, declarações acintosas e erros factuais directos.

O primeiro deles surge logo na primeira frase: a ministra da Educação não propôs o fim dos chumbos no ensino Secundário, mas sim em toda a Educação não-Superior.

Em seguida, MST vai deslizando de disparate em disparate, até voltar a acusar os professores de medíocres, porque ao afirmar que os sindicatos de professores são a maior força de defesa da mediocridade, só por artifício retórico não está a chamar directamente medíocres aos professores. Se o não assume, é apenas por cobardia. É a minha opinião. Que vale tanto como a dele. Apenas tenho menos poder económico e não tenho advogados para colocar em terreno para intimidar quem de mim discorda.

Para além disso, sem qualquer fundamentação pois os mais recentes estudos de opinião atestam o contrário, a opinião pública não defendia as posições de Maria de Lurdes Rodrigues contra os professores. Ainda há poucos meses, novo estudo demonstrava que os professores constituem uma das profissões mais apreciadas e valorizadas (a de marreta opinador-residente do regime não vinha na lista) na sociedade. Mas MST chega mesmo ao ponto de insinuar que a imprensa protegeu os professores no seu conflito com o ME e o Governo, no que é uma distorção notável do que se passou durante a maior parte do tempo.

Por fim, e para encurtar dislates, MST afirma que o acordo entre a actual ministra (e porque não entre José Sócrates?) e os sindicatos de professores «vai custar ao país, nos próximos anos, milhares de milhões de euros em promoções e regalias injustificáveis». E continua com a conversa dos privilégios e reaccionarismo. Milhares de milhões? Quantos? Até quando? 2050?

MST tem direito à sua opinião. E a ser pago por quem entende pagar-lhe. Mas seria, no mínimo, ético que se tentasse informar e não cometesse erros básicos nas suas diatribes.

Afinal não é só sobre o aparelho digestivo do coelho que ele tem evidentes lacunas.

Será da andropausa ou algo parecido, mas na minha opinião, com factos evidentes como esta crónica, MST tornou-se um efabulador algo medíocre. É a minha opinião. Também tenho direito a achar que MST escreve, a partir de uma posição de privilégio, ajoujada não sabemos em que grupo de pressão. Parece sentir-se acima do vulgo, da crítica, um excelente em terra de pategos. O único puro. O único corajoso. O último gajo com cojones para enfrentar tudo, mas que se acoita atrás de Sarah Palin, para usar o termo cojones.

Assim, alguém que tenha cojones - estou a citá-lo a ele, que cita Sarah Palin, na sua prosa colorida de alfa-male fumador e caçador – para lho dizer, sem pruridos, sem anonimatos.

Nota final: agradeço que quem queira desancar ou defender MST nos comentários, o faça assumindo nome próprio. Para que ele não se desculpe com a cobardia alheia, para continuar com o seu constante abuso nas suas crónicas semanais.

Posted by Paulo Guinote