sexta-feira, 31 de outubro de 2008

COMUNICADO DO MUP (31-10-2008)


Colegas professores,

Durante estes dias, muitos de vós deveis ter vivido nalguma ansiedade, esperando os resultados do encontro dos Movimentos com a Fenprof.

A reunião, que teve lugar na quarta-feira, pelas 21 horas, apesar de ter decorrido num ambiente de grande cordialidade, foi reveladora de alguns pontos comuns de que resultou
Comunicado oficial, subscrito pelos Movimentos e pela FENPROF.

Contudo, a mesma reunião demonstrou a incompatibilidade de calendários entre os Sindicatos e o nosso Movimento relativamente à organização de uma única manifestação que não fosse no dia 8 de Novembro e consequente não apoio à manifestação de professores fora da organização sindical.

Houve mesmo posições antagónicas com o nosso Movimento no que concerne às estratégias necessárias e mais eficazes para a luta.

Mesmo o próprio comunicado conjunto, e a sua redacção final, revelou alguns desacertos, sobre aspectos que nos parecem fundamentais porque significavam o “amordaçar” das posições dos Professores às estruturas sindicais, embora dissimulados na perspectiva da unidade a qualquer preço, o que levou a prolongar por todo o dia de ontem, 30 de Outubro, a sua publicação.

Ora, estrategicamente, a luta não se compadece com “timings” de arrastamento pelo tempo.

Temos de ser incisivos e determinados.

Assim, os professores manifestar-se-ão em Lisboa, no dia 8 de Novembro, numa manifestação que terá todo o nosso apoio.

No entanto, muitos (os mesmos e outros) estarão, de forma livre e espontânea, no dia 15, reforçando a luta apenas contra a desastrosa política da educação e contra os três pilares em que assenta: o ECD e tudo o que dele decorre, como a divisão da classe em duas categorias e o actual sistema de avaliação, o modelo de gestão e a degradação da qualidade da escola pública.

Nesse dia, seremos os que formos! Seremos certamente aqueles a quem a História agradecerá uma determinação firme e redobrada, pela sua generosidade numa luta sem tréguas.

Porque acreditamos na LUTA, somos contra os Entendimentos com o ME, que nos prejudicam e amarram, e não queremos voltar a cair no marasmo, pós 8 de Março, apelamos à MOBILIZAÇÃO TAMBÉM PARA DIA 15 DE NOVEMBRO!

Mantemos essa data, porque tal é a vontade de muitos colegas! É a nossa vontade! É a vontade dos Professores!

UMA ESCOLA! UM AUTOCARRO!

DIA 15 DE NOVEMBRO, É PARA ARRASAR!

MOBILIZAR! RESISITIR! LUTAR!

TODOS A LISBOA DIA 15 DE NOVEMBRO! 14 HORAS, MARQUÊS DE POMBAL!

MUP

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Secundária de Camões...

Sete professores avaliadores suspendem funções na Escola Secundária de Camões (Lisboa)


Na Escola Secundária de Camões 7 dos 10 avaliadores que não são coordenadores de departamento decidiram suspender funções e pedem ao Conselho Executivo a marcação de uma Reunião Geral de Professores, que já foi marcada para a próxima quarta-feira.

A decisão de suspensão de funções por parte dos sete avaliadores foi apoiada por 100 dos 170 professores da escola, em abaixo-assinado.


Documento dos avaliadores:

Escola Secundária de Camões, 22 de Outubro de 2008

Exma. Senhora Presidente do Conselho Executivo
Exmo. Senhor Presidente do Conselho Pedagógico
Exmos. Senhores Coordenadores de Departamento
Com conhecimento ao Conselho Geral Transitório

Enquanto avaliadores designados por Despacho de delegação de competências afixado na sala de professores consideramos que:
1-Este processo de avaliação é burocrático, fomentador do individualismo e não contribui para uma avaliação formativa;

2-Neste momento não restam dúvidas que as orientações do Ministério são confusas, incoerentes, em alteração permanente, criando na escola um clima de desestabilização, desmobilização e desconfiança que apenas dificulta o nosso desempenho essencial como PROFESSORES.

3-As recentes medidas avulsas de pretensa simplificação e flexibilidade, à margem da própria legislação, divulgadas nos órgãos de comunicação social, adensam a certeza da inoperacionalidade da aplicação do modelo;

4- A delegação de competências, tem por base o despacho nº 7465/2008 de 13 de Março que, no seu ponto nº 4, refere “a delegação de competências obedece ao disposto nos artigos 35 a 40 do código de procedimento administrativo” e por sua vez o artigo 37º, ponto 2 deste código refere “os actos de delegação e subdelegação de poderes estão sujeitos a publicação no Diário da República...” .

É evidente que, neste momento, estamos em situação ilegal, pelo que não faz sentido desenvolvermos quaisquer actividades relacionadas com a avaliação.

Tendo em conta o que acima foi dito e a forma como todo o processo de avaliação de competências dos professores tem estado a ser conduzido pelo Ministério da Educação decidimos suspender as nossas funções enquanto avaliadores.

A nossa posição não pretende questionar nem o Conselho Executivo, nem o Conselho Pedagógico, nem os coordenadores de departamento que em nós delegaram competências mas apenas contribuir para que o trabalho e o ambiente escolares não sejam cada vez mais deteriorados.

Propomos ainda ao Conselho Executivo a marcação de uma reunião Geral de Professores com o objectivo de informar, discutir e coordenar procedimentos.

Texto do abaixo-assinado de apoio à suspensão subscrito por mais de 100 dos 170 professores da escola:
Os professores abaixo assinados compreendem a tomada de posição dos avaliadores acima mencionados e confirmam a importância e urgência da realização de uma reunião geral de professores que possibilite a discussão deste assunto e uma tomada de posição por parte da escola.

Professores da escola secundária da Maia exigem suspensão do processo de avaliação do desempenho


Exmo Sr. Presidente do Conselho Pedagógico
Exma Sr.ª Presidente do Conselho Executivo
Os Professores da Escola Secundária da Maia, subscritores deste documento, vêm propor ao Conselho Pedagógico e ao Conselho Executivo a suspensão do processo de avaliação do desempenho em curso nos termos e com os fundamentos seguintes:

1. O modelo de avaliação do desempenho aprovado pelo Decreto Regulamentar n.º 2/2008, de 10 de Janeiro, não está orientado para a qualificação do serviço docente, como um dos caminhos a trilhar para a melhoria da qualidade da Educação, enquanto serviço público.
2. O modelo de avaliação instituído pelo referido Decreto Regulamentar destina-se, sobretudo, a institucionalizar uma cadeia hierárquica dentro das escolas e a dificultar ou, mesmo, impedir a progressão dos professores na sua carreira.
3. O estabelecimento de quotas na avaliação e a criação de duas categorias que, só por si, determinam que mais de 2/3 dos docentes não chegarão ao topo da carreira, completam a orientação exclusivamente economicista em que se enquadra o actual estatuto de carreira docente que inclui o modelo de avaliação decretado pelo ME.
4. Paradoxalmente, a aplicação do actual modelo de avaliação está a prejudicar o desempenho dos professores por via da despropositada carga burocrática e das inúmeras reuniões que exige.
5. A avaliação de desempenho dos professores e a sua progressão na carreira, subordina - se a parâmetros como o abandono escolar e o sucesso dos alunos, desprezando-se variáveis inerentes à realidade social, económica, cultural e familiar dos alunos, que escapam ao controlo e responsabilidade do professor e que são fortemente condicionadoras do sucesso educativo.
6. A imputação de responsabilidade individual ao docente pela avaliação dos seus alunos, configura uma violação grosseira do previsto na legislação em vigor, quanto à decisão da avaliação final do aluno, a qual, como é sabido, é da competência do Conselho de Turma sob proposta do(s) professor(es) de cada área curricular disciplinar e não disciplinar.
7. O modelo de avaliação reveste-se de enorme complexidade e é objecto de leituras tão difusas quanto distantes entre si, que nem o próprio Ministério da Educação consegue explicar devidamente.
8. A instalação do modelo revela-se morosa, muito divergente nos ritmos que é possível encontrar e dificultada ainda pela falta de informação cabal e inequívoca às perguntas que vão, naturalmente, aparecendo.
9. A maioria dos itens constantes das fichas não são passíveis de ser universalizados. Alguns só se aplicam com um número reduzido de professores. Outros, pelo seu grau de subjectividade, ressentem-se de um problema estrutural – não existem quadros de referência em função dos quais seja possível promover a objectividade da avaliação do desempenho.
10. A possibilidade efectiva deste modelo de avaliação do desempenho colidir com normativos legais, nomeadamente, o Artigo 44.º da Secção VI (Das garantias de imparcialidade) do Código do Procedimento Administrativo, o qual estabelece, no ponto 1., alíneas a) e c), a existência de casos de impedimento sempre que o órgão ou agente da Administração Pública intervenha em actos ou questões em que tenha interesses semelhantes aos implicados na decisão. Ora, os professores avaliadores concorrem com os professores por si avaliados no mesmo processo de progressão na carreira, disputando lugares nas quotas a serem definidas.
11. É evidente um clima de contestação e indignação dos professores.
12. O próprio Conselho Científico para a Avaliação de Professores (CCAP), nomeado pelo Ministério da Educação através do Decreto Regulamentar n.º 4/2008, de 5 de Fevereiro, alerta, num relatório datado de Julho de 2008, para “...o risco de a avaliação se constituir num acto irrelevante para o desenvolvimento profissional dos docentes, sem impacto na melhoria das aprendizagens dos alunos, que conviria evitar desde o início...”. Refere ainda que: ”Esse risco poderá advir da burocratização excessiva, da emergência ou reforço de conflitualidades desnecessárias e do desvio das finalidades formativas e reguladoras que um processo de avaliação do desempenho profissional deve conter. Poderá, ainda, resultar da adopção ou imposição de instrumentos de registo ou de procedimentos pré-concebidos, sem que os interessados tenham recebido a informação necessária ou sido devidamente envolvidos num processo de participação...”. Nas suas recomendações, critica aspectos centrais do modelo de avaliação do desempenho como a utilização feita pelas escolas dos instrumentos de registo, a utilização dos resultados dos alunos, o abandono escolar ou a observação de aulas, como itens de avaliação.
13. Suspender o processo de avaliação permitirá:
- centrar de novo a atenção dos professores naquela que é a sua primeira e fundamental missão - ensinar;
- que os professores se preocupem prioritariamente com quem devem - os seus alunos;
- antecipar em alguns meses a negociação de um outro modelo de avaliação do desempenho docente.
Assim, o signatários, apresentam a proposta de que o Conselho Pedagógico e o Conselho Executivo da Escola Secundária da Maia suspendam todas as iniciativas e actividades relacionadas com o processo de avaliação de desempenho dos docentes em curso, conscientes que, desta forma, contribuem para a melhoria do trabalho dos docentes, das aprendizagens dos nossos alunos e da qualidade do serviço público de educação.
Maia, 28 de Outubro de 2008

ESCOLAS NA VANGUARDA DA RESISTÊNCIA


LISTA ACTUALIZADA DAS ESCOLAS RESISTENTES:

Agrupamento das Escolas de Ourique - Alentejo
Agrupamento de Aristides de Sousa Mendes - Póvoa de Santa Iria
Agrupamento de Escolas António José De Almeida -Penacova
Agrupamento de Escolas Clara de Resende - Porto
Agrupamento de Escolas Conde de Ourém – Ourém
Agrupamento de Escolas Coura e Minho - Caminha
Agrupamento de Escolas D. Carlos I - Resende
Agrupamento de Escolas D. Carlos I - Sintra
Agrupamento de Escolas D. Manuel de Faria e Sousa – Felgueiras
Agrupamento de Escolas D. Miguel de Almeida – Abrantes
Agrupamento de Escolas da Maceira – Leiria
Agrupamento de Escolas de Alvide - Cascais
Agrupamento de Escolas de Aradas - Aveiro
Agrupamento de Escolas de Armação de Pêra - Algarve
Agrupamento de Escolas de Aveiro
Agrupamento de Escolas de Castro Daire
Agrupamento de Escolas de Forte da Casa - Lisboa
Agrupamento de Escolas de Lousada Oeste
Agrupamento de Escolas de Marrazes - Leiria
Agrupamento de Escolas de Ovar
Agrupamento de Escolas de S. Julião Da Barra - Oeiras
Agrupamento de Escolas de Vila do Bispo - Algarve
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Santo André - Santiago do Cacém
Agrupamento de Escolas de Vouzela
Agrupamento de Escolas José Maria dos Santos - Pinhal Novo
Agrupamento de Escolas Nº1-Beja
Agrupamento de Escolas Nuno Álvares Pereira – Camarate
Agrupamento de escolas Pedro de Santarém - Lisboa
Agrupamento de Escolas Ribeiro Sanches – Penamacor
Agrupamento Vertical Clara de Resende - Porto
Agrupamento Vertical da Senhora da Hora - Porto
Agrupamento Vertical de Escolas de Gueifães – Maia
Agrupamento Vertical de Escolas Dr. Garcia Domingues – Silves
Agrupamento Vertical Escolas de Azeitão
Declaração da Demissão de Avaliador do Prof. José Maria Barbosa Cardoso
Departamento de Expressões da Escola Eugénio de Castro - Coimbra
Departamento de Expressões da Escola Secundária Filipa de Vilhena - Porto
Departamento de História, Filosofia e E.M:R. da Escola Secundária de Odivelas
Escola Alice Gouveia - Coimbra
Escola Básica 1 de Santa Maria de Beja - Demissão do Conselho Executivo e de todos os Órgãos intermédios
Escola Básica 2, 3 da Abelheira - Viana do Castelo
Escola Básica 2, 3 Frei Bartolomeu dos Mártires - em Viana do Castelo
Escola Básica 2,3/Secundário de Celorico da Beira
Escola Básica 2/3 António Fernandes de Sá - Gervide
Escola Básica 2/3 de Tortosendo
Escola Básica 2/3 de Lijó
Escola Básica Frei André da Veiga - Santiago do Cacém
Escola de Arraiolos
Escola EB23 Dr. Rui Grácio - Sintra
Escola Eugénio de Castro - Coimbra
Escola Fernando Lopes-Graça, Parede - Cascais
Escola Jaime Magalhães Lima - Aveiro
Escola Martim de Freitas - Coimbra
Escola Secundária Alcaides de Faria - Barcelos
Escola Secundária Augusto Gomes - Matosinhos
Escola Secundária Avelar Brotero - Coimbra
Escola secundária c/ 3ª ciclo Camilo Castelo Branco - Vila Real
Escola Secundária c/ 3ª ciclo Manuel da Fonseca - Santiago do Cacém
Escola Secundária c/ 3º CEB Madeira Torres - Torres Vedras
Escola Secundária c/ 3º ciclo de Barcelinhos
Escola Secundária c/ 3º Ciclo de Madeira Torres - Torres Vedras
Escola Secundária c/ 3º ciclo Rainha Santa Isabel - Estremoz
Escola Secundária Camões - Lisboa (Demissão da maioria dos professores Avaliadores n/Coordenadores)
Escola Secundária Campos-Melo - Covilhã
Escola Secundária D. João II - Setúbal
Escola Secundária da Amadora - Sintra
Escola Secundária da Amora
Escola Secundária da Reboleira - Amadora
Escola Secundária de Albufeira - Algarve (Abaixo-assinado)
Escola Secundária de Arganil
Escola Secundária de Camões - Lisboa (Declaração de Demissão da maioria dos professores Avaliadores n/ Coordenadores)
Escola Secundária de Francisco Rodrigues Lobo - Leiria
Escola Secundária de Miraflores - Oeiras
Escola Secundária de Montemor-o-Novo
Escola Secundária de Sebastião da Gama - Setúbal
Escola Secundária de Vila Verde
Escola Secundária Dom Manuel Martins - Setúbal
Escola Secundária Dona Maria - Coimbra
Escola Secundária Dr. Júlio Martins - Aveiro
Escola Secundária Emídio Navarro - Viseu
Escola Secundária Ferreira de Castro
Escola Secundária Ferreira Dias - Santiago do Cacém
Escola Secundária Infanta D. Maria – Coimbra
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima / Aveiro
Escola Secundária Monte da Caparica - Lisboa
Escola Secundária Montemor-o-Novo
Escola Secundária Rio Tinto
Escola Secundária Seomara da Costa Primo - Amadora
Escola Secundária/3 De Barcelinhos (Conselho Pedagógico Suspende Avaliação)
Escolas do Concelho de Chaves (9 escolas

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Poema de Manuel Alegre



Letra para um Hino

É possível falar sem um nó na garganta

é possível amar sem que venham proibir

é possível correr sem que seja fugir.

Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta.


É possível andar sem olhar para o chão

é possível viver sem que seja de rastos.

Os teus olhos nasceram para olhar os astros

se te apetece dizer não grita comigo: não.


É possível viver de outro modo. É

possível transformares em arma a tua mão.
É possível o amor. É possível o pão.
É possível viver de pé.


Não te deixes murchar. Não deixes que te domem.

É possível viver sem fingir que se vive.

É possível ser homem.

É possível ser livre livre livre.


Manuel Alegre, O canto e as armas

A PORTUGAL

Esta é a ditosa pátria minha amada. Não.
Nem é ditosa, porque o não merece.
Nem minha amada, porque é só madrasta.
Nem pátria minha, porque eu não mereço
A pouca sorte de nascido nela.

Nada me prende ou liga a uma baixeza tanta
quanto esse arroto de passadas glórias.
Amigos meus mais caros tenho nela,
saudosamente nela, mas amigos são
por serem meus amigos, e mais nada.

Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico; irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fatua ignorância;
terra de escravos, cu pró ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos todos do milagre, castos
nas horas vagas de doença oculta;
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste
à luz do sol calada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas,
oh pulgas lusitanas, pela Europa;
terra de monumentos em que o povo
assina a m**** o seu anonimato;
terra-museu em que se vive ainda,
com porcos pela rua, em casas celtiberas;
terra de poetas tão sentimentais
que o cheiro de um sovaco os põe em transe;
terra de pedras esburgadas, secas
como esses sentimentos de oito séculos
de roubos e patrões, barões ou condes;
ó terra de ninguém, ninguém, ninguém:
eu te pertenço. És cabra, és badalhoca,
és mais que cachorra pelo cio,
és peste e fome e guerra e dor de coração.
Eu te pertenço mas seres minha, não.

Jorge de Sena

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Ordem dos Professores

(A minha Sociedade Civil é o corporativismo dos outros.)

Vamos então às desvantagens, que quanto a mim são três: a primeira é a formação duma élite social que, a partir das suas funções dirigentes na Ordem, fique em posição de obter vantagens nos mundos político, empresarial e mediático. Esta desvantagem é relativamente inócua: o mesmo se pode fazer a partir de outros trampolins, desde os clubes de futebol aos próprios sindicatos.

A segunda é o perigo de a Ordem pretender usurpar as funções próprias dos Sindicatos, intervindo em reivindicações relativas às condições materiais de trabalho dos seus membros. Temos visto esta tensão ao observar as relações etre a Ordem dos Médicos e os Sindicatos dos Médicos. Mas também esta desvantagem é superável, como os Médicos nos mostraram: a Ordem e os Sindicatos têm conseguido definir entre si, melhor ou pior, as respectivas áreas de actuação e abster-se de invadir áreas que não são suas. Se esta delimitação implica uma negociação permanente, pois então que se faça essa negociação: só leva a que ambas as partes se fortaleçam.

Já a terceira desvantagem- e presumo que é esta que a Moriae e a Setora têm em mente - é um perigo real e tem de ser tida seriamente em conta: a possibilidade de uma organização de pares limitar o acesso à profissão por critérios que não sejam os da preparação científica, técnica e deontológica. Não vemos isto na Ordem dos Médicos nem na dos Engenheiros, por exemplo, mas vemos sinais preocupantes deste fenómeno na Ordem dos Advogados, que sujeita os candidatos a exames, para a inscrição nos quais são cobradas propinas exorbitantes.

O remédio, claro está, não é renunciar a qualquer estrutura auto-reguladora da profissão, mas sim organizá-la de modo a que estes abusos não sejam possíveis.

As Ordens profissionais têm uma vantagem enorme para a sociedade em geral: impedem que as condições deontológicas e éticas do exercício duma profissão que interessa a todos (e cujos praticantes não podem ser facilmente avaliados, como o podem ser os trabalhadores duma empresa) sejam condicionadas pelo poder político segundo os interesses políticos do momento, ou pelo poder económico segundo interesses económicos nem sempre compatíveis com o bem comum. Por isso é que eu digo que, se só houvesse lugar em Portugal para três Ordens profissionais, essas três deviam ser a dos Médicos, a dos Professores e a dos Jornalistas.

Atente-se a uma afirmação da Ministra na entrevista que deu à Visão: os Sindicatos de Professores têm toda a legitimidade para intervir nas condições materiais de trabalho dos seus associados, mas não a têm, segundo ela, para intervir na formulação das políticas educativas. Se a Ministra estivesse a falar duma Ordem, não se atreveria a dizer o mesmo: uma Ordem tem toda a legitimidade para intervir nas condições éticas e deontológicas do trabalho dos seus associados; e ao intervir nelas está a intervir legitimamente nas políticas que as regem.

Esta área da ética e da deontologia foi por demasiado tempo terra de ninguém, e daqui resultou um défice de regulação que está na origem de alguns dos piores vícios do nosso sistema de ensino. O que precisava de ser regulado não o foi; e o que não precisava foi-o até ao delírio, apenas para dar uma razão de existir à máquina monstruosa do Ministério.

Hoje toda a gente descobriu a deontologia docente, e esta área, que antes tinha sido deixada ao abandono, é agora terreno disputado pelos Sindicatos e pelo poder político; e eu, como nesta matéria não confio nem numa parte, nem na outra, quero vê-la ocupada por uma Ordem dos Professores.

Publicada por J.L. Sarmento

domingo, 26 de outubro de 2008

RESISTÊNCIA DAS ESCOLAS

Lista Actualizada a 26 de Outubro


Agrupamento de Escolas de Armação de Pêra / Algarve
Agrupamento das Escolas de Ourique / Alentejo
Agrupamento de Escolas de Vila Nova de Poiares
Agrupamento de Escolas de Vouzela
Agrupamento de Escolas de Forte da Casa / Lisboa
Agrupamento Vertical Escolas de Azeitão
Escola Secundária Jaime Magalhães Lima / Aveiro
Escola de Aradas / Aveiro
Escola Secundária D. João II / Setúbal
Escola de Arraiolos
Escola Secundária c/ 3ª ciclo Manuel da Fonseca / Santiago do Cacém
Escola Secundária c/ 3º ciclo Rainha Santa Isabel /Estremoz
Escola B1 de Sta Marisa de Beja - Demissão do Conselho Executivo e de todos os Órgãos intermédios
Escola Alice Gouveia / Coimbra
Escolas do Concelho de Chaves
Escola Secundária da Amadora / Sintra
Escola EB23 DR. Rui Grácio / Sintra
Escola Secundária Ferreira Dias / Cacém
Escola secundária c/ 3ª ciclo Camilo Castelo Branco / Vila Real
Escola Secundária Dr. Júlio Martins / Aveiro
Escola Jaime Magalhães / Aveiro
Secundária Alcaides de Faria / Barcelos
Departamento de Expressões da Escola Eugénio de Castro / Coimbra
Departamento de Expressões da Escola Secundária Filipa de Vilhena / Porto
Departamento de História, Filosofia e E.M:R. da Escola Secundária de Odivelas
Declaração da Demissão de Avaliador do Prof. José Maria Barbosa Cardoso,
Declaração de Demissão da maioria dos professores Avaliadores n/ Coordenadores, da Escola Secundária Camões

sábado, 25 de outubro de 2008

Esc. Sec.Ferreira Dias - Cacém

PROCESSO DE AVALIAÇÃO PARADO NA FERREIRA DIAS (CACÉM)
Colegas a propósito do que se ouviu ontem na Stuart Carvalhais sobre a paragem do processo de avaliação na Ferreira Dias no Cacém, contactei uma colega no sentido de saber se era verdade e eis a resposta:É verdade. Os avaliadores tiveram uma reunião conjunta e puseram muitas dúvidas.O Conselho Pedagógico também em reunião decidiu por unanimidade parar o processo enquanto não forem feitos esclarecimentos.Fizeram um doc com muitas dúvidas,sobre delegação de competências, o preenchimento on-line, fichas de observação (rigor científico) em disciplinas diferentes do avaliador, obrigatoriedade de preenchimento de todos os campos da avaliação, notas de exame contam ou não pq assim uns profs ficam prejudicados em relação a outros.Não sabemos até qdo conseguimos parar o processo esperamos que a assistência de aulas já não seja este período.Mas sei que o ME anda numa azáfama a enviar pessoal a todas as escolas que param o processose houver mtas escolas a parar não devem ter equipas para todasFaçam a vossa parte.
Xau
[Recebido por e-mail]
Publicada por ILÍDIO TRINDADE

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A CULPA É TODA SUA SRª MINISTRA

'A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!'

"AS ESCOLAS PORTUGUESAS ESTÃO UM VERDADEIRO CAOS!!!!

Depois de ouvir hoje o que disse a Srª Ministra, depois de ler os desabafos de muitos colegas nossos, na minha Escola, na blogosfera, invadiu-me uma raiva que não consigo mais conter e gostaria de a gritar ao Mundo.
Dizia a Srª Ministra, com o seu ar sereno, que “o processo de avaliação de desempenho dos professores está a avançar de "forma normal e com grande sentido de responsabilidade" na maioria das escolas.” e eu pergunto Srª Ministra:
- Quem tenta enganar? Os Professores? Os Pais dos alunos? A opinião pública? A Comunicação social? Quem? A si própria? O seu governo?
Na maioria das Escolas, Srª Ministra, a situação é esta:
- Os Professores estão cansados, desmotivados, não aguentam tanto trabalho para nada. Reuniões, grelhas, objectivos, mais reuniões, relatório, mais reuniões... e continua assim, semana atrás de semana. Resultado:
Os Professores não têm tempo para aquilo que gostam de fazer: ENSINAR!!!
A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!
Na maioria das escolas, muitos Professores que até agora eram empenhados na preparação das suas aulas, limitam-se a fazer o mais fácil, não têm tempo para pesquisa, para partilhar com os alunos. Os alunos não aprendem!
A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!
Na maioria das Escolas muitos Professores que tinham ainda TANTO para dar à Escola, eram o pilar da Escola, uma referência para os mais novos, estão a abandonar, vão para a APOSENTAÇÃO, mesmo com penalizações graves! É fácil perceber: por cada três que saem, entram apenas dois, com vencimentos muito mais baixos. O factor economicista sempre à frente!
Não lhe passa pela cabeça, Srª Ministra, o potencial humano que as Escolas estão a perder e os efeitos de tal fuga!
A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!
Na maioria das Escolas, há Professores de baixa médica, Professores esgotados que não aguentam mais esta loucura, que metem atestados e então vem outro professor substituir ou não vem… não faz mal! os alunos terão a farsa das aulas de substituição e, em vez de terem Português ou Matemática, têm aula com um Professor de Ed. Física ou Geografia… tanto faz, o que interessa é ter tudo ocupadinho, Professores e Alunos. Srª Ministra, são muitas aulas em que os alunos não têm aulas com o SEU professor, porque este está doente, em que a matéria não é leccionada.
A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!
Na maioria das Escolas, os Professores andam às voltas com o novo Estatuto do Aluno. A Srª Ministra mandou cá para fora um documento em que obriga os alunos que faltam a fazerem uma prova de recuperação mesmo que faltem porque não lhes apetece, um documento que não prevê distinção entre os alunos que faltam porque estão doentes e aqueles que ficaram a dormir até mais tarde. Os Professores têm que fazer a prova! Fazer a prova, prepará-la, corrigi-la, plano de recuperação…quantas horas implica tudo isto, Srª Ministra? Solução fácil! Esqueçamo-nos de marcar faltas! Se isto é para ser a brincar, nós fazemos-lhe a vontade.
A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!
Os Professores que até ao ano lectivo anterior eram uma classe que partilhava, onde não se sentia, regra geral, a competição, deixaram de confiar uns nos outros, vivem em função da avaliação de desempenho, num verdadeiro egoísmo. Desconfiam do colega que o vai avaliar, querem apanhar as quotas dos Excelentes ou Muito Bom. O mau estar nas Escolas é geral, um clima de desconfiança instalou-se!
A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!
E dirá a Srª Ministra: “Os Professores não querem ser avaliados”. Engana-se Srª Ministra “Os Professores querem ser avaliados!!!! Sempre foram, tal como Vossa Excelência é e será avaliada (talvez não precise de tanta grelha, mas será!!). Os Professores fazem um trabalho público! São avaliados diariamente. QUEREM UMA AVALIAÇÃO SÉRIA e não um faz-de-conta.
Mas acha, Srª MINISTRA, que é avaliar seriamente um Professor, quando:
1 – Um colega (que pode ter menos habilitações e não é da área disciplinar) vai assistir a TRÊS aulas em 150 aulas que um Professor dá à turma? É tão fácil BRILHAR em três aulas, mesmo que nas outras 147 não se faça nada! Os Professores já tiveram aulas assistidas nos estágios…. Sabem fazê-lo. Não têm medo disso, Srª Ministra!!! Isto é avaliação séria, Srª Ministra?
2 – Um colega Coordenador de Departamento é de Francês/Inglês (excelente profissional na sua área, mas como viveu muitos anos em França, tem dificuldades na língua Portuguesa) vai avaliar um colega de Estudos Portugueses que, por não ter tido tantos cargos como o primeiro, não é TITULAR e por isso vai ser avaliado nas suas aulas de Português (com 30 anos de serviço) pelo primeiro. Isto é avaliação séria, Srª Ministra?
3 – Um colega de Educação Tecnológica, com uma licenciatura da Universidade Aberta obtida há alguns anos, vai avaliar colegas de MATEMÁTICA do seu Departamento (Ciências Exactas), alguns já com o Mestrado na área (Repito: os colegas são excelentes profissionais, mas não PODEM SER avaliadores de quem tem mais ou diferentes habilitações do que eles. Eles não têm culpa e muitos desejavam não representar tal papel). Isto é avaliação séria, Srª Ministra?
4 – Um dos elementos da avaliação dos alunos é a progressão dos resultados escolares dos seus alunos. Srª Ministra, é tão fácil falsear a progressão dos resultados escolares dos alunos…se NÃO formos sérios e quisermos contribuir apenas para o sucesso estatístico. Acha que os Professores, sabendo que estes dados contam para a sua avaliação, vão dar classificações baixas? Isto é avaliação séria, Srª Ministra?
5 – E o dito portefólio ou “dossier pedagógico” ser outro factor na avaliação?! É tão fácil, hoje em dia, enchê-lo com materiais LINDOS, pedagógicos….mesmo que os alunos nem os tenham visto, mesmo que estes materiais não sejam nossos. Isto é avaliação séria, Srª Ministra?
E finalmente, uma das aberrações do 2/2008
6 – O Presidente do Conselho Executivo, e simultaneamente Presidente do Conselho Pedagógico, não precisa ser TITULAR! Como explica isto Srª Ministra? A senhora Ministra criou esta distinção entre TITULARES e PROFESSOR! Então os Professores TITULARES não seriam aqueles que iriam desempenhar as funções de maior responsabilidade nas Escolas, um grupo altamente qualificado? Ou será que o Presidente do CE e do CP não é um cargo de responsabilidade? Como justifica que não seja necessário o título de TITULAR, se para outros cargos de menor importância, como Coordenador de Departamento ou de Directores de turma tal cargo é exigido? EXPLIQUE Srª Ministra! E quando este mesmo Presidente do Conselho Executivo tem apenas o equivalente ao antigo 7º ano (ou seja, é bacharel, depois de uma formação à distância de alguns meses)? Há TANTOS nas nossas escolas! Vai avaliar colegas com mestrados e licenciaturas? É ele que vai avaliar TODOS os colegas da Escola. Muitas vezes, para além de ter habilitação muito inferior aos avaliados, há anos que não lecciona! Isto é avaliação séria, Srª Ministra?
7 – Claro que há Professores, como há médicos, como há advogados, como há MINISTROS menos competentes. Mas acha que é assim que a situação vai melhorar? Quem não é tão bom profissional, vai continuar a não sê-lo e os bons agora também não têm tempo para o ser. Por que razão não se ajuda com avaliação formativa aqueles que têm mais dificuldades, sem o intuito de os penalizar? Acha que é justo um avaliador faltar às aulas das suas turmas (12avaliadosx3 aulas de 90mn= é só fazer as contas) para ir avaliar colegas? E os alunos ficam entregues a outros Professores que podem não ser seus? Então primeiro a avaliação dos Professores e depois a dos alunos?
Isto é avaliação séria, Srª Ministra?
Srª Ministra:
- Sou uma professora que, tal como milhares neste país (a senhora viu quantos no 8 de Março, mas fez que não viu!), dediquei toda a minha vida ao Ensino. Dei sempre o meu melhor, trabalhei com gosto para os meus alunos, férias, fins-de-semana, noites; gosto de ensinar mas sinto-me REVOLTADA por a srª Ministra nos ter tirado (ou querer tirar) esse grande prazer: ENSINAR!
- Sou uma Professora que, tal como milhares neste país, poderia ir agora para a reforma, mesmo com penalizações, mas VOU RESISTIR, não vou deixar que me obriguem a abandonar com mágoa, os meus alunos, a minha Escola!
- Sou uma Professora que confio no bom senso e tenho esperança que ainda vá a horas de não deixar a degradação atingir, ainda mais as nossas escolas.
- Srª Ministra oiça gente que sabe, (muita gente) dizer que é um crime o que se está a passar nas escolas portuguesas. Medina Carreira disse há poucos dias que se os pais tivessem a verdadeira percepção do que se está a passar na Escola em Portugal, viriam para a rua. Ele sabe do que fala.
- Srª Ministra OIÇA os Professores. Eles estão nas Escolas, no terreno. Mais do que ninguém, eles estão a dizer-lhe que assim NÃO teremos sucesso educativo. Assim, o sucesso será apenas ESTATÍSTICO e ECONÓMICO!
OS PROFESSORES (na sua maioria) SÃO SÉRIOS! QUEREM ENSINAR E QUEREM QUE OS SEUS ALUNOS APRENDAM! CONFIE NELES!OIÇA-NOS SRª MINISTRA!
E para terminar, um poema de Alberto Caeiro que encontrei hoje no blog Terrear e uma frase de JMA.
Des (aprender)
Procuro despir-me do que aprendi Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram, E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos, Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras, Desembrulhar-me e ser eu... Alberto Caeiro

“A grande e inadiável urgência de desaprender. De ver. Mesmo que isso nos custe. Porque a alternativa só pode ser a cegueira” JMA in blog Terrear

P.S. Peço desculpa a quem me ler, pela agressividade de algumas expressões, mas tenho de soltar este grito de REVOLTA! Aos puristas linguísticos, também, mas a intenção não foi fazer prosa. Imaginei a Srª Ministra à minha frente e pus no papel aquilo que gostaria de lhe dizer.
Peço desculpa também por não me identificar (por enquanto). Não o costumo fazer, mas as razões são óbvias!
UM ENORME BEM-HAJA A TODOS OS PROFESSORES!"
Publicado por Moriae

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

AGORA É CONTIGO, PREZADO COLEGA!

Prezado Colega,


Não são poucos os que, neste deplorável momento que a Escola atravessa, têm optado pela colagem ao lado mais prepotente, desprezando as legitíssimas razões que levam os seus colegas à praça, esquecendo que são — sobretudo e antes de tudo — professores. Não são poucos os que apanharam gripes com os espirros da senhora ministra, inundando as suas escolas de autoritarismo, ordens, reuniões, papéis e verborreia que tresanda a subserviência, a miséria ética, mental e profissional.

Não são poucos os que — apesar de a consciência lhes dizer que tudo isto está errado e inquinado desde o início — não conseguiram ainda força para resistirem, para se erguerem, para serem aqueles homens e mulheres que os seus alunos, os pais e a sociedade em geral gostariam que fossem. Por isso te escrevo, prezado colega, pois sei que pertences a este último grupo e não te sentes em paz com a tua consciência: sabes que estás a ser instrumentalizado; sabes que estás a contribuir, com o teu punho, para o ataque mais mordaz, mais infame e mais cobarde contra a classe docente e contra a escola pública; sabes que vais colaborar num processo injusto — para todos — mas não recuas, porque tens medo da mão tirana que está a puxar os cordelinhos de toda esta mísera tragédia de fantoches. Sei que és científica e pedagogicamente competente para ensinar e avaliar os teus alunos, contudo, — sabes bem — avaliar professores não é a mesma coisa! Presta, pois, atenção às seguintes perguntas que te faço. Depois, está nas tuas mãos a decisão que tomarás, de acordo com a tua consciência. O medo não te poderá servir de álibi!

- Quando aceitaste ser avaliador, deram-te conhecimento mínimo do processo subsequente, das inerências desse cargo e da natureza da avaliação a realizar?

- Achas correcto que tal decisão te tenha sido exigida no preâmbulo de todo este processo?

- Se tal decisão te fosse exigida neste momento — com os conhecimentos e experiência que tens — aceitarias o cargo?

- Tens o exigido conhecimento teórico e prático das diferentes correntes pedagógicas e metodológicas de ensino?

- Dominas suficientemente os conceitos, parâmetros e critérios que estruturam as grelhas de avaliação que vais utilizar?

- Consideras ter a distância afectiva exigida para tal situação?

- Caso um colega avaliado te questione relativamente a estes itens, estás preparado para o esclarecer de forma consciente, segura e relevante?

- Consideras esses instrumentos de avaliação justos, equilibrados e exequíveis?

- Foram testados, na tua escola?

- Consideras que a formação que te foi proporcionada te habilita para avaliar professores?

- Sentes-te científica e pedagogicamente competente para avaliar os teus colegas?

Agora é contigo, prezado colega!

Lembra-te de quem és!

Lembra-te de que, caso não te sintas preparado, o PEDIDO DE SUSPENSÃO DE FUNÇÕES não é uma fuga, é um imperativo moral e profissional! Consulta quem sabe mais que tu, sindicatos, colegas com muita experiência, associações, etc.

Lembra-te de que, embora não pareça, ainda vivemos numa sociedade de direito e que há instituições, que ainda vão funcionando, para fazer justiça!

Um abraço do colega
Luís Costa

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Ninguém pode ficar indiferente...

TODOS SABEM... NINGUÉM PODE FICAR INDIFERENTE!

Todos sabem como vai a educação em Portugal.
Só os teóricos, os jornalistas a martelo e os políticos do PS é que continuam a mentir e a atirar areia para os olhos dos menos capazes.
Os pais sabem que os filhos não aprendem, que estão na escola mais horas e que não estão lá a aprender aquilo que realmente interessa. É só projectos e estudos acompanhados...
Os alunos sabem que os professores estão cansados, que podem abusar deles, porque lhes retiraram a autoridade e sabem que burocratizaram todos os procedimentos disciplinares, sabem também que se estiverem doentes têm que fazer uma prova sobre os conteúdos que não receberam e sabem que, por isso, podem chumbar. São vítimas de bulling, do medo e da indisciplina daqueles que, em vez de estar na escola, deveriam estar numa casa de correcção juntamente com os respectivos pais.
Os professores sabem que:
. vão ser avaliados por colegas que têm menos habilitações que eles;
. não podem ser criativos nem originais, pois estarão sempre presos a grelhas que os obrigam a espartilhar-se;
. perdem mais tempo a fazer papeladas que a a educar os alunos, os filhos, a educar-se, a cultivar-se a dar carinho aqueles de quem gostam;
. os alunos não os respeitam porque nem a ministra os respeita;
. vão morrer senis, agastados, xexés;
. o salário é insuficiente;
. existem bufos nas escolas;
. já não há liberdade para se dizer o que se pensa;
. terão de ser máquinas de lamber botas e que o espírito criativo, que é tão necessário a quem ensina, tem que ficar para sempre na gaveta!

DIA 15, VAMOS TODOS A LISBOA: PAIS, ALUNOS, PROFESSORES!
A PÉ, DE CARRO, DE BICICLETA , DE COMBOIO... NÃO QUEREMOS MAIS SER JOGUETES DE INTERESSES DE POLÍTICOS QUE TERÃO UM FUTURO DE REFORMAS CHORUDAS !

A ESCOLA PÚBLICA E O FORDISMO

POR LUÍS TORGAL (Prof. Catedrático da Univ. de Coimbra)

A escola pública morreu, enquanto espaço democrático multifacetado (e idealista) de instrução científica e artística e de formação cívica — já o proclamei aqui algumas vezes. Foi abruptamente estilhaçada pelo maremoto das desconexas e demagógicas ordenações socratistas de 2008: novo estatuto do aluno, nova lei sobre o ensino especial, novo regulamento de avaliação de desempenho docente e novo modelo de gestão escolar. Foi desacreditada pela propaganda do ministério e da ministra que a tutelam e caiu em desgraça junto da opinião pública. Foi tomada por demasiados candidatos a futuros directores escolares embevecidos pelos decálogos de José Sócrates e inebriados pelas cartilhas sobre as dinâmicas de gestão no mundo neoliberal – afinal, as mesmas cartilhas que agora puseram o mundo à beira do caos. Foi pervertida pela imposição, por parte do Ministério da Educação, de um sistema burocrático kafkiano que visa obrigar os professores a fabricarem um sucesso educativo ilusório. Foi adulterada por alguns professores pragmáticos ou desprovidos de consciência crítica, os quais exibem a sua diligente e refinada burocracia como arma de arremesso para camuflar as suas limitações científicas, pedagógicas e culturais. E, neste momento, quando decorrem nas várias escolas eleições para os conselhos gerais transitórios, está a ser vítima de um já previsível mas intolerável processo de politização (no sentido mais pejorativo da palavra). Tal processo é dirigido por forças que em muitos casos se mantiveram durante anos alheados dos grandes problemas das escolas, mas que na actual conjuntura encaram estas instituições (outrora) educativas como tribunas privilegiadas para servirem maquiavélicos interesses de poder pessoal e/ou de carácter político-partidário.
A nova escola pública que está a emergir é uma farsa. Tornou-se um território deveras movediço, onde reina uma desmedida conflitualidade (e competitividade) social e política e uma grotesca e insuperável contradição entre os conceitos de 'escola inclusiva' e de 'pedagogia diferenciada'. Nesta instituição naufragaram, entretanto, num conspurcado lamaçal, os nobres ideais instrutivos, formativos e educativos. O famoso PC portátil 'Magalhães', ofertado em grande escala, numa bem encenada operação de marketing, a alunos do primeiro ciclo que cada vez sabem menos de Português ou Matemática e utilizam os computadores somente para simples divertimento é, de resto, o mais recente exemplo do sentido irreal e burlesco das prioridades deste sistema educativo.
A nova escola pública é hoje uma empresa gerida por muitos tecnocratas alinhados com a actual ordem política, e equipada por operários que se desejam amanuenses servis e catequizados na alegada única ideologia vigente (a qual — agora já todos o sabemos — se encontra manifestamente em crise). A verdadeira função desta espécie de mal engendrada e desalmada linha de montagem é produzir, automaticamente, em massa, de forma acelerada, e a baixos custos, duvidosos produtos estandardizados. Esta nova escola é, afinal, um hino ao velho Fordismo. O tal sistema que venerou o dinheiro como deus supremo do homo sapiens sapiens e que projectou um mundo sublime, onde o Homem é castrado da sua capacidade cognitiva e coagido a demitir-se das suas quotidianas obrigações familiares bem como de outros cívicos desígnios sociais em nome do lucro desenfreado (de uns poucos), da sobrevivência, do consumismo e do hedonismo desregrados. Aquele sistema perfeito superiormente ironizado por Aldous Huxley ('Admirável Mundo Novo') ou por Charlie Chaplin ('Tempos Modernos'), nos anos 30 do século XX, que está agora no epicentro de mais um 'tsunami' financeiro de consequências imprevisíveis para a humanidade, 'tsunami' esse cujas causas são reincidentes e estão bem diagnosticadas. Enfim, aquele implacável sistema materialista mecanicista e 'darwinista' cujo modo de vida John dos Passos também satirizou, numa obra datada dos mesmos anos 30 ('O Grande Capital'), com esta antológicas palavras: 'quinze minutos para almoçar, três para ir à casa de banho; por toda a parte a aceleração taylorizada: baixar, ajustar o berbequim-acertar a porca-apertar o parafuso. Baixarajustaroberbequimacertaraporcaapertaroparafuso, até que a última parcela de vida tenha sido aspirada pela produção e que os operários voltem para casa, trémulos, lívidos e completamente extenuados'.
'Porreiro pá!' Mas, pá, será esta a escola e o mundo que nós desejamos para os nossos alunos, para os nossos filhos?

REUNIÃO DE DOCENTES EM ALGÉS

Reunião de docentes, no dia 28 de Outubro, pelas 18 horasna Liga dos Melhoramentos e Recreios, em AlgésRua Ernesto Silva, nº 95, r/c.

A unidade constrói-se na democracia e no debate frontal.Queremos poder participar nas decisões, mandatar quem dirige os nossos sindicatos e controlar a luta que nos pertence.Não basta ir a uma manifestação. Depende também de nós ajudar a criar as condições para não sairmos dela com as mãos vazias.É porque estamos determinados a ajudar a realizar a unidade com as nossas organizações e com todos os movimentos de colegas que tomaram a iniciativa de apelar a manifestar, que decidimos propor uma reunião a todos os colegas, no dia 28 de Outubro, pelas 18 horas, na Liga dos Melhoramentos e Recreios, Rua Ernesto Silva, nº 95, r/c, em Algés.


Publicada por Ilídio Trindade

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O movimento de resistência interna alastrapelo país fora...

Movimento de resistência interna alastra pelo país fora. A resistência é tanta que não há 112 que valha
O movimento de resistência interna à avaliação burocrática de desempenho não pára de alastrar. Sem querer ser exaustivo, deixo aqui uma lista de escolas e agrupamentos que, nos últimos dias, aprovaram moções ou fizeram circular um abaixo-assinado a exigirem a suspensão do processo.
1. Agrupamento de escolas de Vouzela
2. Agrupamento de escolas de Ourique
3. Agrupamento de escolas Clara de Resende, no Porto
4. Agrupamento de escolas de Ovar
5. Agrupamento de escolas de Vila Nova de Poiares
6. Escola Secundária D. João II, em Setúbal
7. Agrupamento de escolas de Armação de Pêra
8. Escola Eugénio de Castro, em Coimbra
9. Escola Secundária Dr. Júlio Martins, em Chaves
10. Escola de Montemor-o-Novo
11. Agrupamento de Aradas, em Aveiro
12. Escola Secundária da Amadora
13. Escola de Arraiolos
Apelo aos colegas para enviarem para o meu email as moções aprovadas nas escolas e agrupamentos. O direito à reunião e à aprovação de moções é um direito protegido pela Constituição. Nada há a temer. Os pedidos de suspensão do processo de avaliação estão a alastrar por todo o lado. Nada há a recear. Não pode haver processos disciplinares em consequência da simples aprovação de moções a exigirem a suspensão do processo.
Esta é a razão para a ministra da educação ter reunido com as equipas de apoio às escolas, na passada sexta-feira, estando presente na reunião durante várias horas. Mas a resistência é tanta que não há 112 que valha.

Minha gente. Um poema de Luís Costa

Gente esquecida e apartada,
Gente sofrida e maltratada,
Gente sentida e humilhada:
Gente empobrecida!
É a minha gente
Perdida, ausente
No fim da estrada
Da vida!

Gente decidida e honrada,
Gente atrevida e denodada,
Gente agradecida e dada:
Gente enobrecida!
É a minha gente
Achada, à frente
De cada lida
Pesada!

É de Chaves a minha gente
Sem chaves no seu coração!
São aves de um mundo diferente,
Sem entraves no céu da mente,
Azulando sobre o Marão!

Luís Costa

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Devagar Srª. Ministra da Educação...

TENTANDO CALAR OS CRÍTICOS

Devagar, devagarinho, a Sra. Ministra da Educação, que estará em Baião no dia 31 de Outubro para inaugurar o centro escolar, pode tentar silenciar os críticos do CCAP, mas não calará os professores!

Notícia do CM de hoje:

Professores: Segunda demissão no conselho de avaliação
Ministra acusada de calar críticos

A Federação Nacional dos sindicatos da Educação (FNE) acusou ontem o Ministério da Educação (ME) de procurar "silenciar" o Conselho Científico de Avaliação de Professores (CCAP). Este órgão, cujos membros são nomeados pelo ME, com a missão de acompanhar e monitorizar o novo modelo de avaliação dos docentes, sofreu a segunda baixa com a demissão do professor José Matias Alves, como noticiou ontem o CM. A primeira demissão, da presidente Conceição Castro Ramos, aconteceu recentemente, mas oficialmente deveu-se a aposentação.

"A Drª Conceição fez recomendações que vinham pôr em causa matérias do actual modelo e que causaram incómodo à ministra [Maria de Lurdes Rodrigues] e pouco depois saiu. Se agora saiu o professor Matias Alves é porque algo não está a correr bem", disse ao CM José Ricardo, vice-secretário-geral da FNE, acrescentando: "O que o Ministério pretende é criar uma pressão de tal ordem para silenciar o Conselho. Isto é gravíssimo."

O dirigente deixou ainda um alerta sobre a forma como os dois membros do CCAP que saíram serão substituídos: "Se é para colocar pessoas que estão numa posição de submarinos do Ministério da Educação, está a inquinar-se a verdadeira função deste órgão, que era suposto ter autonomia."

Também José Manuel Costa, do secretariado-geral da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), se mostrou apreensivo com a segunda demissão no CCAP. "O futuro deste órgão não nos parece muito risonho, e isto preocupa-nos porque tinha a função de supervisionar o funcionamento do modelo de avaliação e as críticas que pudessem vir daí seriam muito significativas."

O CM tentou, sem sucesso, obter uma reacção do Ministério da Educação.

domingo, 19 de outubro de 2008

O poema da mente


O poema da mente



Há um primeiro-ministro que mente
Mente de corpo e alma, completa/mente.

E mente de maneira tão pungente
Que a gente acha que ele mente sincera/mente,

Mas que mente, sobretudo, impune/mente...
Indecente/mente.
E mente tão nacional/mente,
Que acha que mentindo história afora,
Nos vai enganar eterna/mente.



Anónimo

sábado, 18 de outubro de 2008

Resistência nas escolas contra avaliação...

Resistência interna contra a avaliação burocrática alastra por todo o país

O movimento de resistência interna à avaliação burocrática de desempenho não pára de alastrar. Sem querer ser exaustivo, deixo aqui uma lista de escolas e agrupamentos que, nos últimos dias, aprovaram moções ou fizeram circular um abaixo-assinado a exigirem a suspensão do processo. Se carregar nos links, poderá ler as moções aprovadas.
Apelo aos colegas para enviarem para o meu email as moções aprovadas nas escolas e agrupamentos. O direito à reunião e à aprovação de moções é um direito protegido pela Constituição. Nada há a temer. Os pedidos de suspensão do processo de avaliação estão a alastrar por todo o lado. Nada há a recear. Não pode haver processos disciplinares em consequência da simples aprovação de moções a exigirem a suspensão do processo

Professores em luta - Visão do Kaos

Imagem do KAOS

A manifestação...

A explicação já me chegara por outras vias, que pediram recato para o tema e confidencialidade para as fontes. Mas como agora está estampado em letra de forma, mesmo se virtual, sou um pouco obrigado a desmontar esta argumentação falhada.

Mesmo que estivesse a fazer contas para deixar amainar a poeira da duas manifs. Vejamos o que se escreve no site do SPNL e que é a justificação oficial da Plataforma Sindical para a escolha do dia 8 de Novembro para a sua.

A escolha do dia 8 de Novembro para a manifestação vem na sequência do calendário negocial que o ME apresentou. A última reunião de negociação dos concursos ocorre no dia 31 de Outubro e a negociação suplementar no dia 7 de Novembro. Outras reuniões possíveis e suplementares decorrerão na semana de 10 a 14 de Novembro.

Qualquer data posterior ao dia 8 seria, por isso, extemporânea.

Ora bem, segundo a Plataforma, a manifestação é dia 8 que é para ficar entre o fim das negociações regulares sobre os concursos e as reuniões decorrentes do pedido previsto de negociação suplementar que está previsto, as quais deverão ocorrer entre 10 e 14 de Novembro.

Vejamos então:

  • Para começar, assume-se desde já que as negociações regulares vão correr mal, apesar da Fenprof ter saído da reunião desta semana com uns pequenos sinais de resolução de situações particulares.
  • Em seguida, a negociação é sobre concursos e o protesto é principalmente sobre outros assuntos (avaliação, estatuto, divisão da carreira, etc), pelo que se estranha a relação causal linear.
  • Mas mesmo que se aceite essa relação, não se percebe porque a manifestação deve ocorrer entre a fase regular de negociações e a fase suplementar porque, afinal, o ME pode sempre argumentar - como repetidamente e por regra fez no passado mais ou menos recente- que não cede à pressão da rua e não negoceia sob chantagem. A manifestação de dia 8 é uma forma de dar argumentos ao ME para fechar as negociações e não ceder em nada, para além de já ter sido declarado que o tema da avaliação está amarrado ao Entendimento e à sua calendarização.
  • Em contrapartida, o dia 15, para o qual está convocada uma manifestação por quem não está amarrado ao Entendimento, surge exactamente depois de todas as fases negociais e poderia, de forma mais lógica, funcionar como o momento certo para a manifestação natural de desagrado pelo falhanço das negociações. Fica depois o ónus do falhanço para o ME., sem a desculpa da pressão de manifestações de rua.

Por isso, meus caros colegas professores e sindicalistas da Plataforma, o dia 15 seria o ideal para a grande manifestação. A Apede tinha a sua manifestação marcada, a Plataforma marcava a sua que por acaso não se importaria de ir dar ao mesmo local pelo mesmo caminho ou por outro, mais cedo ou mais tarde uma hora, juntando-se todos no final e ficávamos todos a ganhar.

Assim, como as coisas estão, ficará muita gente contente com o seu umbigo - e depois eu é que sou umbiguista - mas terá falhado na táctica, podendo colocar em risco toda a estratégia.

Há interesses gerais que não se compadecem com orgulhos organizacionais, políticos ou pessoais, já o disse e repito.

Posted by Paulo Guinot

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

CARTAZ PARA DIVULGAR A MANIFESTAÇÃO DE PROFESSORES


Clicar para ampliar.


Copia este cartaz e divulga a Manifestação na tua escola.

CARTA ABERTA DO MUP


CARTA ABERTA DO MUP


Logo após a marcação da manifestação dos sindicatos para dia 8, em detrimento da manifestação já antes convocada de forma espontânea pelos professores para dia 15 de Novembro, os e-mails começaram a inundar a nossa caixa de correio, revelando que os professores estão atentos e preocupados.

Dos milhares de mensagens recebidas, podemos categorizá-las, grosso modo, da seguinte maneira:
1 . em número mais elevado, as que nos garantem que estarão na manifestação do dia 15, em Lisboa;
2. em grande número, as que solicitam a união de movimentos e sindicatos para acordarem um data comum para uma só manifestação, muitos afirmando que estarão em ambas as manifestações;
3. em número muito reduzido, os que afirmam, pura e simplesmente, que os movimentos devem apoiar os sindicatos.

Naturalmente, isto não é uma sondagem, mas deixa-nos perceber o que vai na alma dos professores.

Aos primeiros direi que, tal como eles, lá estarei, pois essa data emergiu da vontade dos professores, antes que alguém resolvesse associar-se ou demarcar-se.

Aos segundos, uma constatação e um pedido.
Constatação: foram os sindicatos que se demarcaram e são os sindicatos que continuam a querer ser os únicos detentores da "carta branca" para agir, mesmo contra a vontade dos professores ou já não representando muito deles.
Pedido: enviem um e-mail ou uma carta para os sindicatos fazendo sentir a vossa opinião e tentem obter a resposta. Da nossa parte não nos demarcaremos (e isso é querer união).

Aos terceiros, lembrarei que os movimentos surgiram porque, infelizmente, os sindicatos - em virtude da sua inépcia ou dos jogos de poder - deixaram de representar grande parte de professores.

Apoiámos, apoiamos e apoiaremos os sindicatos sempre que as suas acções forem consentâneas com os reais interesses dos professores. E esta é uma grande diferença!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A GENERALIZAÇÃO DA LOUCURA

Clicar na imagem para ampliar.


In Público (17-10-2008)

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Todos a Lisboa - 15 de Novembro

Professores a Lisboa

Local de concentração: Marquês de Pombal, Lisboa.Dia e Hora: 15 de Novembro, às 14 horas.Segue-se desfile pela Rua Braancamp, Largo do Rato, Rua de S. Bento, terminando a manifestação em frente da Assembleia da República.

Por cada escola, um autocarro! Organizem-se com ou sem sindicatos!”

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Crepúsculo. Um poema de Luís Costa


A cada dia que passa,
Mais doze mestres se vão!
Resta a tísica carcaça
De um triste corpo sem raça,
Prostrado no sujo chão!

Vão-se os nobres cavaleiros,
A alma do batalhão,
Ficam os novos braceiros,
Mais pacatos, mais ordeiros,
Mais dados a sujeição.

As sentinelas rendidas
Desertam do quarteirão:
Nada fazem, estão vendidas
E assistem às partidas
De lenço branco na mão!

Vai-se o senado embora,
Sem honra nem gratidão!
Neste Portugal de agora,
Há um futuro que chora
No silêncio da Nação!

Luís Costa

A traição de Mário Nogueira...

'Parece que se acabaram as dúvidas ...'

Imagem e texto da autoria doO sinistro veneno

"(...) Parece que se acabaram as dúvidas de que lado da barricada se coloca o Mário Nogueira nesta luta. Se não é ao lado dos professores, o que o memorando já fazia crer, só pode ser do lado da Sinistra. Andar a dizer que quer combater as politicas do Ministério não é suficiente para fazer crer que está do lado certo. Para lá estar tem de aceitar a opinião e a decisão daqueles que diz representar. Será que questionou os seus associados sobre o assunto ou simplesmente lembrou-se de dizer isto e, fê-lo em nome próprio, da Fenprof ou da plataforma sindical?
Na altura da assinatura do memorando afirmei que o Mário Nogueira ia morder a maça envenenada da Bruxa da Educação, agora parece-me que, Mário Nogueira é o próprio veneno na luta dos professores." (Kaos)

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

PROFESSORES MARCAM MANIF PARA 15 DE NOVEMBRO

Ideia nasceu de um grupo de docentes isolados e ganhou dimensão na blogosfera. Fenprof não apoia
Dia 15 de Novembro, a força dos movimentos cívicos, que tem sido capitalizada na blogosfera, vai ser mostrada na rua, numa manifestação de professores. A Fenprof já fez saber que não apoia. Para já, atente-se neste pormenor: um post com cinco linhas colocado no domingo num dos blogs de educação, A Educação do meu umbigo, tinha recebido, até meio da tarde desta segunda-feira, 236 comentários.

O debate está criado há muito nos blogs, o descontentamento está latente e prestes a saltar para além do aumento dos pedidos de reforma antecipada. A data e o local estão marcados: dia 15 de Novembro, às 14 horas, no Marquês de Pombal, Lisboa. Segue-se desfile pela Rua Braancamp, Largo do Rato, Rua de S. Bento, terminando a manifestação em frente da Assembleia da República.

Com esta manifestação, organizada pela
Associação de Professores e Educadores em Defesa do Ensino (APEDE) e pelo Movimento Mobilização e Unidade de Professores, mas que partiu de um grupo de professores isolados, pretende-se alertar a opinião pública para a «gravidade do que se passa no sistema de ensino deste país» e manifestar as razões da revolta dos docentes.
[...]
Toda a notícia no Portugal Diário.

domingo, 12 de outubro de 2008

Quando amanhecer - Um poema de Luís Costa



















Quando o dia amanhecer

Eu quero estar acordado
Para ver o Sol crescer
E a luz resplandecer
No teu rosto animado

Quando esta noite sombria
Sem estrela nem luar
Morrer nos braços do dia
Eu vou rever a alegria
No brilho do teu olhar

Quando esta noite de breu
Der lugar ao céu azul
Serei livre em jubileu
Como uma ave no céu
Volitando para Sul

Quando o dia amanhecer
Vou estar bem acordado
Para ver o Sol reger
Ver a luz recrudescer
E ser feliz a teu lado


Luís Costa

PENSEM E AJAM EM CONFORMIDADE!

Sei que há algum tempo não mandava notícias... muito menos com esta azáfama toda!


A verdade é que considero que se as coisas já andavam más... agora foi mesmo a gota de água!

Está na hora de os professores se unirem, as suas famílias, os alunos e as suas famílias...

A forma como isto anda está insustentável e ninguém se iluda... irá prejudicar TODAS as pessoas!

Não se iludam...
- um professor ou preenche papelada ou prepara aulas e se dedica aos alunos!
- um professor ou está bem ou será MAU PAI/MÃE, MAU MARIDO/MULHER, e, por arrasto, MAU PROFESSOR!
- ou consideramos que um aluno precisa de livros e, acima de tudo, de COMER, ou lhe damos um computador que até poderá não funcionar em casa porque o aluno não tem luz, mas está tudo bem, segundo eles, pois temos todos de ter direito a um computador.

E o direito à educação? à liberdade? aos cuidados médicos? ao simples facto de não sermos enganados... será que queremos mesmo criar uma geração de pessoas iludidas, analfabetas (dêem-lhes canas, mas se não souberem pescar...)

Pensem e ajam em conformidade!

[sem autor identificado]

sábado, 11 de outubro de 2008

Hino da Indignação - Um poema de Luís Costa

Professores de Portugal
Gente nobre e dedicada
Força fértil e vital
Desta Pátria sufocada
Acorrei todos à praça
Resgatar a Educação
Perdida na nevoaça
Do Outono da Nação

Está na hora de lutar
Com a nossa indignação
Está na hora de bradar
É preciso dizer NÃO

NÃO à condição servil
NÃO à vã mediocridade
NÃO à demissão de Abril
Aos chacais da liberdade
NÃO ao sonho amordaçado
NÃO ao silêncio da voz
NÃO à perda do legado
Da Escola de todos nós

Está na hora de lutar
Com a nossa indignação
Está na hora de bradar
É preciso dizer NÃO

Luís Costa