quinta-feira, 23 de outubro de 2008

AGORA É CONTIGO, PREZADO COLEGA!

Prezado Colega,


Não são poucos os que, neste deplorável momento que a Escola atravessa, têm optado pela colagem ao lado mais prepotente, desprezando as legitíssimas razões que levam os seus colegas à praça, esquecendo que são — sobretudo e antes de tudo — professores. Não são poucos os que apanharam gripes com os espirros da senhora ministra, inundando as suas escolas de autoritarismo, ordens, reuniões, papéis e verborreia que tresanda a subserviência, a miséria ética, mental e profissional.

Não são poucos os que — apesar de a consciência lhes dizer que tudo isto está errado e inquinado desde o início — não conseguiram ainda força para resistirem, para se erguerem, para serem aqueles homens e mulheres que os seus alunos, os pais e a sociedade em geral gostariam que fossem. Por isso te escrevo, prezado colega, pois sei que pertences a este último grupo e não te sentes em paz com a tua consciência: sabes que estás a ser instrumentalizado; sabes que estás a contribuir, com o teu punho, para o ataque mais mordaz, mais infame e mais cobarde contra a classe docente e contra a escola pública; sabes que vais colaborar num processo injusto — para todos — mas não recuas, porque tens medo da mão tirana que está a puxar os cordelinhos de toda esta mísera tragédia de fantoches. Sei que és científica e pedagogicamente competente para ensinar e avaliar os teus alunos, contudo, — sabes bem — avaliar professores não é a mesma coisa! Presta, pois, atenção às seguintes perguntas que te faço. Depois, está nas tuas mãos a decisão que tomarás, de acordo com a tua consciência. O medo não te poderá servir de álibi!

- Quando aceitaste ser avaliador, deram-te conhecimento mínimo do processo subsequente, das inerências desse cargo e da natureza da avaliação a realizar?

- Achas correcto que tal decisão te tenha sido exigida no preâmbulo de todo este processo?

- Se tal decisão te fosse exigida neste momento — com os conhecimentos e experiência que tens — aceitarias o cargo?

- Tens o exigido conhecimento teórico e prático das diferentes correntes pedagógicas e metodológicas de ensino?

- Dominas suficientemente os conceitos, parâmetros e critérios que estruturam as grelhas de avaliação que vais utilizar?

- Consideras ter a distância afectiva exigida para tal situação?

- Caso um colega avaliado te questione relativamente a estes itens, estás preparado para o esclarecer de forma consciente, segura e relevante?

- Consideras esses instrumentos de avaliação justos, equilibrados e exequíveis?

- Foram testados, na tua escola?

- Consideras que a formação que te foi proporcionada te habilita para avaliar professores?

- Sentes-te científica e pedagogicamente competente para avaliar os teus colegas?

Agora é contigo, prezado colega!

Lembra-te de quem és!

Lembra-te de que, caso não te sintas preparado, o PEDIDO DE SUSPENSÃO DE FUNÇÕES não é uma fuga, é um imperativo moral e profissional! Consulta quem sabe mais que tu, sindicatos, colegas com muita experiência, associações, etc.

Lembra-te de que, embora não pareça, ainda vivemos numa sociedade de direito e que há instituições, que ainda vão funcionando, para fazer justiça!

Um abraço do colega
Luís Costa

1 comentário:

Safira disse...

Sabem os colegas porque os sindicatos marcaram uma manifestação para dia 8 de Novembro? Eu não sabia, mas hoje obtive a resposta, na pessoa de um presisidente de sindicato a que eu pertencia. Quando lhe perguntei porque não se uniam aos professores na manifestação do dia 15 de Novembro,ele dise-me com todas as letras que os movimentos de professores são “movimentos de piratas”.

Ora aqui está, ele considera os movimentos de professores de movimentos piratas. Então eu disse-lhe, prefiro juntar-me aos piratas, a um sindicato de traidores…

Portanto dia 15 lá estarei, no Marquês!