terça-feira, 3 de junho de 2008

O folclore da avaliação

Não sei se sabem, o ME pediu aos Centros de Formação que indicassem representantes para participarem nuns seminários realizados em regime residencial durante três dias em unidades hoteleiras de grande nível para "aprenderem" a ser formadores de avaliação do desempenho docente.
Nos grupos havia de tudo, desde docentes quase sem experiência significativa até professores universitários, numa verdadeira afirmação de que tudo o que vem à rede é peixe.
A partir de agora, são esses docentes que vão desmultiplicar pelo país a metodologia da avaliação. É a segunda edição, revista e aumentada, da bagunça absurda do concurso para titulares. Que legitimidade têm estes colegas para irem "vender" a avaliação aos outros? Terem estado num seminário onde foram ungidos com os óleos sagrados do poder e recebido as "tábuas dos mandamentos avaliativos" dos seus ideólogos?
Quem disse que o ME não era capaz de formar os avaliadores? A resposta aí está, pode até dar-se o caso de um colega nunca ter tido contacto com metodologias de avaliação do desempenho, mas depois deste seminário ficou especialista e habilitado a fazer formação para outros. Era assim que se fazia na tropa quando eu por lá andei e era necessário preparar carne para canhão, que a guerra era exigente em matéria de números. Pelos vistos continuamos em guerra.
E os sindicatos, o que dizem disto? E as associações de professores? E as Universidades e Escolas Superiores de Educação? E todos os outros especialistas? E os professores que vão aprender a avaliar e a ser avaliados?
Este país ensandeceu ou a avaliação do desempenho docente transformou-se numa actividade próxima da produção de salsichas?

José Manuel Silva

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