sexta-feira, 9 de maio de 2008
Avaliação do desempenho atingiu o ridículo...
O método das 96 condutas ou como a avaliação de desempenho atingiu o ridículo
O célebre método das 96 condutas é uma peça que ajuda a compreender os malefícios do modelo de avaliação de desempenho imposto pelo decreto regulamentar 2/2008. O método está ser divulgado numa acção de formação para PCEs e coordenadores de departamento e custa 200 euros. A acção de formação "oferecida" pelo INA está a ter uma aceitação grande entre os PCEs e coordenadores de departamentos. Apesar de custar 200 euros, a procura foi tão grande que algumas ofertas esgotaram. De entre algumas pérolas, eu destacaria 6 condutas:"o professor cria ferramentas de controlo da sua actividade e dos outros"."O professor inova com ideias jamais testadas em alguam lado" (esta, além de perigosa é louca!-sublinhado meu)."O professor cria e implementa processos claros e reconhecidos pelos alunos para facilitar a sua disponibilidade e apoio aos mesmos"."O professor disponibiliza-se para actividades que ultrapassem as suas obrigações horárias e profissionais" (Esta é inacreditável! E por que não o professor disponibilizar-se para adoptar um aluno violento e levar para casa os alunos cujos pais trabalham de noite?)."O professor não gera mau ambiente no local de trabalho" (um professor que questiona e que reage aos atropelos e ilegalidades provoca mau ambiente?)."É receptivo à mudança" (mesmo que sejam mudanças tolas ou para pior?).É bem possível que esta lista de 96 condutas seja apropriada para fazer a avaliação de desempenho nas empresas que vendem bens materiais e serviços. O que eu sei é que é inadequada para fazer avaliação de desempenho de profissionais que trabalham em escolas, ou seja, em instituições que produzem bens espirituais (conhecimento). Estou certo de que o formador procura fazer o melhor que lhe é possível e é um profissional com credenciais em avaliação na área empresarial. O problema central não está nem no formador nem nesta acção de formação: está no decreto regulamentar 2/2008, que impõe um modelo de avaliação de professores que é próprio das organizações que vendem bens materiais e não das escolas. O cerne do problema está na política de educação seguida pelo Governo, uma política empresarial para as escolas, e na legislação aprovada, em particular o ECD, que desfigura a profissão docente e pretende fazer dos professores funcionários sem autonomia profissional e sujeitos a uma avaliação comportamentalista, segmentada e burocrática, de todo incompatível com as verdadeiras funções do professor.
Para saber mais sobre este assunto, visite o blog Terrear
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