Os professores são os bodes expiatórios das asneiras que os políticos têm feito
Quando a ministra diz que Portugal tem a maior taxa de chumbos da Europa, esquece-se de falar dos factores sociais e económicos que, quer queiramos quer não, nos puxam mesmo para a cauda da Europa. Basta ler os estudos de Bruto da Costa e verificar quantas famílias se encontram abaixo do limiar da pobreza; uma em cada quatro crianças encontra-se em risco e os níveis de iliteracia das famílias são mínimos. Dá-se à Escola meios para combater esta situação? Existem equipas pluridisciplinares, no terreno, efectivamente ligadas à instituição? O que conheço são projectos, experiências, técnicos em estágio, cujo trabalho meritório, não tem condições para continuar.Haverá por acaso, na Finlândia, escolas com inúmeras etnias e mais de vinte nacionalidades, como nós temos? Por favor, não digam mais asneiras e não falem do que não sabem. Vamos ao terreno. Vamos ver as condições em que a maioria das nossas crianças vive, as horas que passam sem os pais, sujeitos a horários intermináveis(nós, professores, somos uns deles), vejam a falta de qualidade dos nossos prolongamentos do 1º ciclo; o número de associações a trabalhar nos bairros e a ginástica que fazem para sobreviver. Vejam quantos pedopsiquiatras existem. No meu distrito, o maior do país, temos uma para toda a população infanto-juvenil. Vejam e depois falem-me de insucesso e abandono como resultado do mau trabalho, de todos aqueles, que na sua escola, na sua comunidade, fazem milagres. O último que conheci, foi uma colega ser obrigada a dar apoio a um aluno surdo-mudo, sem ter a docente uma única noção da Língua Gestual.Há professores irresponsáveis? Há sim senhor. Como em todas as profissões. Mas nenhuma profissão aguentou um barco tão mal governado, como os professores aguentaram. E porquê? Porque o Poder sabe que a grande maioria dos professores aceita muitas malfeitorias, sempre em prol dos seus alunos, em prol de um sonho. E até isso eles nos querem tirar. Chega!Helena
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