domingo, 16 de novembro de 2008

CONTINUAR A LUTA...

O que fazer daqui em diante? Dia 6 de Dezembro, terá lugar o Encontro Nacional de Escolas em Luta




Juntar 10, 15 ou 20 mil professores em Lisboa, 8 dias depois da mega marcha dos 120 mil, sem logística nem organização, é um feito assinalável. Os sindicatos - que ignoraram a manifestação de ontem e tudo fizeram para que ela fosse um fracasso - não deviam ignorar o que se passou nas ruas de Lisboa. A APEDE e o MUP, duas pequenas associações sem logística nem recursos, estão de parabéns. Têm sido o farol que ilumina a estrada. E assim devem continuar. Depois da vitória, há uma pergunta que nos inquieta. O que fazer com ela?
1. Não tenho dúvidas de que a APEDE, o MUP e o PROmova estão em condições de agregar outras associações cívicas de professores de forma a poderem constituir um novo sindicato. Contudo, tenho dúvidas sobre se a criação de mais um sindicato não criaria mais problemas do que soluções. Resta a possibilidade da criação de um Ordem de Professores que implicaria o envolvimento inicial das associações independentes no processo de constituição sem a sua dissolução na Ordem. Esta é uma questão que carece de ampla discussão na classe.
2. A grande vantagem das associações independentes de professores é a sua independência. O elevado grau de liberdade que representam e assumem. A maioria dos professores - naturalmente não sindicalizados e críticos do negocismo e tacticismo dos sindicatos -, revêm-se nessa postura.
3. Contudo, a APEDE, o MUP e o PROmova podem e devem crescer em organização, militância e logística. Devem fazê-lo criando uma super-estrutura que represente o maior número possível de movimentos e associações independentes de professores.
4. Para que tal suceda é necessário que haja um esforço na angariação de associados. Só através das quotas dos associados, estas associações poderão aspirar a ter logística, recursos e organização.
5. Os blogs provaram ser um excelente meio de divulgação. Um local de encontro dos professores. Fóruns onde os professores trocam ideias e constroem estratégias de luta. É preciso dar mais força aos blogs.
6. O discurso anti-sindical deve ser abandonado. Os sindicatos têm o seu papel próprio e têm direito à sua agenda específica. Os movimentos de professores também.
7. No dia 6 de Dezembro, é preciso jogar tudo na realização de um grande encontro de escolas em luta. Desse encontro, deve sair um estrutura de coordenação que, através dos emails, dos blogs e dos sms, dê orientação estratégica à luta que se trava no interior das escolas com o objectivo de parar o processo de avaliação de desempenho em todo o lado. A estrutura de coordenação deve incluir, pelo menos, um professor por escola/agrupamento.
8. As associações e movimentos independentes, bem como os sindicatos, só devem partir para a greve depois da realização de um referendo aos professores. Mas um referendo a sério. Se a adesão não for significativa, há que ponderar muito bem se as condições estão maduras para a greve.
9. Os dirigentes dos movimentos, em particular os que têm melhor dom da palavra (como o Ricardo Silva e o Mário Machaquei) devem estar presentes na comunicação social tradicional. Não é fácil porque todos eles trabalham nas escolas e estão sujeitos a horários desumanos. Mas vale a pena tentar. Devem participar em todos os fóruns promovidos pelas televisões e rádios e colocar-se à disposição dos jornalistas.
10. Os movimentos independentes devem continuar o diálogo com os sindicatos de forma a procurar estratégias comuns. Estratégias que unam e que não dividam.
11. A partir de amanhã, o movimento de resistência interna deve intensificar-se e assumir novas formas: recusa de entrega de objectivos individuais e recusa colectiva dos avaliadores na aceitação das funções de avaliador. É preciso levar à prática, em todo o lado, a suspensão efectiva do processo de avaliação de desempenho.
12. A recusa colectiva dos avaliadores na aceitação das funções de avaliador é a única forma segura de resistência interna. Essa recusa pode ser feita através de um documento com justificações para a recusa, assinado por todos os avaliadores da escola.
13. Os avaliadores também são avaliados. Por isso, também devem recusar entregar os seus objectivos individuais. A única penalização prevista na lei é a não progressão na carreira.

Sem comentários: