segunda-feira, 22 de junho de 2009

Até final de Setembro, é tudo a somar e nada a dividir.

O ME está interessado em que a questão da entrega ou da recusa da entrega da ficha de auto-avaliação seja um novo factor de divisão dos professores. É por isso que vai manter-se em silêncio sobre o assunto. O objectivo primeiro do ME é impedir que cresça a onda que conduza a uma nova manifestação nacional em meados de Setembro. Acusada por cada vez mais socialistas de ser a causadora da derrota eleitoral do PS, a ministra da educação está num beco sem saída. José Sócrates tem de a manter no Governo até ao fim, sob pena de ser acusado de fraco e desleal para com uma ministra que deu o corpo ao manifesto pelas políticas dele, e ela tem de estar quieta para não causar mais estragos ao PS. Está num coma político.
É neste contexto que surge o movimento de recusa da entrega da ficha de auto-avaliação. Foi um movimento que começou com a declaração dos 13 e que tem vindo a somar apoios de forma lenta mas progressiva. Ontem, foi a vez de uma voz emblemática da luta dos professores, Luís Costa, dar o corpo ao manifesto e justificar publicamente a recusa da entrega da FAA. A questão da entrega ou não da FAA é delicada e deve ser tratada com pinças para que não se transforme num factor de divisão dos professores. Tem de ser encarada como uma questão do foro individual. É errado apresentar os resistentes como os puros e os coerentes e os outros professores como fracos e temerosos. Há boas razões para entregar a FFA e há também bons motivos para recusar a entrega. Como ficou provado no dia 7 de Junho, os professores só têm a ganhar com formas de luta que desgastem a imagem política do Governo e contribuam para a derrota eleitoral do PS. Sendo o PS de José Sócrates o maior inimigo dos professores, a unidade dos docentes em torno de formas de luta que mobilizem grandes massas e que desgastem o Governo constitui o objectivo principal a menos de três meses das eleições legislativas. Para que a unidade dos professores se mantenha é necessário ter cuidado com a linguagem. Os professores que recusam entregar a FAA mostram coragem e coerência e devem ser objecto de respeito. Os professores que optaram por entregar a FAA, com ou sem declaração de protesto, merecem igual consideração. O mais importante é que uns e outros estejam dispostos a engrossar as fileiras da manifestação de Setembro: a manifestação de professores que vai ajudar o Povo a empurrar José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues borda fora.

Publicado por ProfAvaliação

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