O mal-estar docente exprime os problemas que os professores enfrentam na profissão e parece emergir cada vez mais nas nossas escolas..As rápidas mudanças sociais e tecnológicas caracterizam os dias de hoje. Um movimento constante, visando a produtividade e promoção da eficácia e eficiência dos recursos, parece constituir cada vez mais uma ameaça à identidade pessoal. Nos tempos que correm, cada vez se exige mais do indivíduo como pessoa e como profissional. Acompanhando as evoluções sociais e a modificação do ensino em Portugal, principalmente nas últimas décadas, muitas e profundas têm sido as alterações sofridas, a nível da profissão docente. Na escola e de todos os intervenientes no processo educativo, é o professor que assume um papel de relevo e de interveniente directo neste processo de mudança. Numa profissão em contínua evolução, com uma grande parte dos professores do sexo feminino, a definição de uma carreira docente, a valorização, a nível da formação inicial, a possibilidade de formação contínua e especializada, a possibilidade de empenho na vida e gestão da escola, bem como ,promover uma abertura desta à comunidade educativa, serão, entre muitos outros, alguns dos factores a ter impacto não só a nível da estrutura institucional escolar em si, mas também a influenciar a formação e desenvolvimento profissional dos professores. Nos dias que correm, ser professor é algo extremamente complexo. Nesta profissão, cada vez mais parece exigir-se do professor. O seu papel ultrapassa já muito aquilo que dele seria de esperar dentro de uma sala de aula. A já em si árdua tarefa de transmitir conhecimentos e controlar alunos dentro de uma sala fica, hoje em dia, muito aquém daquilo que é ser um professor. Ao professor compete não só a transmissão do "saber", mas o assumir de um papel responsável como profissional na vida na escola.Numa profissão com riscos e frustrações, a motivação terá por certo implicações no comportamento profissional do professor, ou seja, na sua satisfação e realização profissional e no seu descontentamento ou mal-estar docente.O mal-estar pode traduzir um processo de falta de meios por parte do sujeito para fazer face às exigências que lhe são colocadas na profissão. Muitas têm sido as transformações por que tem passado, principalmente, nos últimos tempos, a profissão docente. Ser professor é algo extremamente complexo requer extrema dedicação e empenho. Nas nossas escolas, hoje em dia, para além das aulas é vulgar o professor estar empenhado numa imensidão de tarefas: aulas para preparar, testes, trabalhos e relatórios para ver e corrigir, reuniões sem fim atrás de reuniões, alunos para serem atendidos, encarregados de educação para atender, projectos a desenvolver, direcção de turma, tarefas burocráticas, domínio da legislação quer relativa a alunos quer a professores sempre em mudança, acções de formação necessárias à progressão na carreira, tarefas atribuídas pelos órgãos de gestão da escola, domínio das técnicas informáticas e de comunicação bem como dos meios audiovisuais.
Serão todas estas tarefas causadoras da exaustão professores? Do tão falado, hoje em dia, mal-estar na profissão docente?
As resposta a estas questões serão importantes, se considerarmos a importância do papel do professor, cada vez, mais responsável numa sociedade em constante mudança e inovação.
O conceito de mal-estar docente exprime os problemas que os professores enfrentam na profissão. Esteve (1992) define mal-estar docente como um conceito que pretende traduzir os efeitos negativos que afectam a personalidade do professor como resultado das condições em que ele realiza o seu trabalho, podendo manifestar-se em diversos graus, desde a insatisfação profissional até estados depressivos.No sentido de uma articulação compreensiva dos diversos factores que contribuem para o mal-estar dos professores, vários autores (Esteve, 1989, 1991 e 1992; Gold & Roth, 1993; Jesus, 1998; Jesus & Costa, 1998) têm distinguido dois níveis de análise do problema, sendo um deles referente aos factores organizacionais, que afectam directamente o professor na sua prática de ensino, e o outro relativo a factores mais genéricos, de natureza social, que o afectam indirectamente pelos condicionalismos que criam no contexto do ensino. No primeiro tipo de factores, é de salientar a sobrecarga de trabalho a que o professor é sujeito, a qual é função da discrepância existente entre as múltiplas exigências que lhe são feitas no terreno, como por exemplo, controlar a disciplina dos alunos, atender aos pais ou fazer trabalho administrativo, e a falta de recursos, materiais, institucionais e de tempo de que dispõe. Quanto aos factores sociais, serão de salientar, as profundas alterações verificadas: no estatuto e imagem social do professor, claramente desvalorizados e desprestigiados, pela massificação do sistema de ensino, pelas alterações a nível dos valores sociais e pela "concorrência" de outras fontes de informação muitíssimo mais poderosas e atractivas como a TV e outros mass media; nos papeis atribuídos ao docente, nomeadamente em virtude da transferência de funções educativas da família para a escola; nos objectivos e competências pedagógicas que devem orientar o seu trabalho e que têm vindo a ser reconceptualizados numa perspectiva de dinamização da aprendizagem e de facilitação do desenvolvimento global dos alunos; e nas atitudes que a sociedade lhe reserva, apontando-o geralmente como "bode expiatório" para as deficiências do sistema educativo e negando-lhes a participação na tomada de decisões que condicionam as suas funções bem como as formas de treino e suporte adequadas.
Safira
1 comentário:
Sobre a função dos sindicatos docentes (O Caso Brasileiro) e a Avaliação de Desempenho Docente.
Seria interessante, ou até mesmo iluminista, considerarmos no Brasil, a mesma perspectiva sobre a atuação do sindicato de professores, conforme o seguinte comentário:
"Os sindicatos querem voltar a protagonizar processos negociais sérios. É para isso que os sindicatos existem: representar um grupo profissional e serem aceites como parceiros credíveis por uma tutela igualmente séria e credível. E isso é algo que já não acontece há quatro anos".
Aos sindicatos, nos últimos anos, interessa o caos que garante a suas existências. As propostas, no caso dos que representam os professores, recorrem ao discurso de defesa da educação, mas leia-se defesa dos interesses de uma minoria de professores que possuem pouco compromisso com a educação.
Mas isto é compreensível, afinal professor não é CATEGORIA PROFISSIONAL.
É sim, um grupo de pessoas licenciadas para exercer uma atividade, sem um código de conduta ética, sem um conselho de representatividade em âmbito nacional, e o pior sem autonomia sobre o que deve ou não fazer.
Tal situação descaracteriza o que se pretende por profissão.
Portanto, como não é uma categoria profissional, não pode estar submetida a avaliação de desempenho.
A grande desculpa é a aversão ao neoliberalismo, como se as avaliações de desempenho fossem uma invenção desse modelo.
Professor não erra! Avalia-se absolutamente tudo nessa vida!
E os professores, passam a vida avaliando seus estudantes!
Mas... a mesma medida não pode ser minimamente aplicada! Ou é um paradoxo imenso ou os professores não acreditam na avaliação... que eles mesmos fazem!
A sociedade exige documento de habilitação para condutores de todos os modais de transportes, não importa que o sujeito seja um engenheiro mecânico, um construtor de navios de aviões de trens... sei lá mais o que!
Os critérios não são questionados. Acidentes acontecem...
Professores saem às fornadas das faculdades, universidades institutos de ensino superior e correlatos. O diploma de graduação e apenas isto os qualifica?!?!?!
Sejamos minimamente honestos, coerentes e dignos de sermos professores. Vamos perceber a avaliação como a oportunidade de refletir sobre a prática. Já que a que praticamos com os nossos alunos não é utilizada (alguns insistem que sim, outros dizem que exercem essa reflexão dioturnamente, outros mais honestos adimitem que não fazem)para identificar onde os rumos devem ser corrigidos.
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