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O LOGRO
Para que não restem dúvidas do absoluto logro que é esta avaliação imposta pelo Governo, aqui deixo ficar dois textos (um assinado outro não) que me chegaram e que acho esclarecedores, mesmo para os teimosos e mentecaptos (colunistas incluídos):
Novo modelo de avaliação de desempenho, que não é feito para avaliar os professores, mas para evitar que eles progridam e criar um sucesso fictício e estatístico para europeu ver. É um sistema injusto e impraticável, por vários factores:1.º Os professores titulares e avaliadores foram escolhidos pelos anos de serviço e não pelo mérito nem pela competência (onde está a preocupação com o mérito e com a excelência?);
2.º Os professores que vão avaliar não têm formação na supervisão de aulas;
3.º Teremos professores de Francês a avaliar aulas de professores de Inglês, e de Educação Tecnológica a avaliar docentes de Educação Física ou vice-versa;
4.º Em muitos casos, os professores avaliados têm muito mais formação do que os avaliadores;
5.º Os professores titulares vão avaliar se os outros recorrem às novas tecnologias e muitos dos avaliadores não sabem enviar um e-mail, ligar um computador ou o que é um powerpoint;
6.º Os titulares vão avaliar o sucesso dos outros, quando, em grande parte dos casos, são eles que têm uma maior percentagem de insucesso;
7.º Os avaliadores vão avaliar professores de níveis de ensino diferentes daqueles que estão habituados a leccionar, sendo o discurso do docente obrigatoriamente distinto;
8.º Os professores perderão autoridade na sala de aula, perante os seus alunos, no dia em que entrar um titular para avaliar o professor;
9.º Só os resultados dos professores de Língua Portuguesa e de Matemática poderão ser confrontados com os dos Exames Nacionais do 3º Ciclo, o que é uma injustiça para os docentes dessas disciplinas;
10.º Os professores só ficarão com as turmas com alunos com mais dificuldades, caso não possam fugir, pois terão famílias para sustentar e empréstimos para pagar;
11.º Um professor que queira ser honesto e exigente será avaliado negativamente e corrido do ensino;
12.º Serão premiados os professores de disciplinas que não dêem testes;
13.º Se um professor tiver o azar de ter um aluno que abandone a escola para emigrar ou que os pais não tenham condições para o manter a estudar, será penalizadíssimo na sua avaliação;
14.º Se um docente tiver o azar de perder um familiar próximo ou a sorte de ter um filho, será gravemente penalizado na sua avaliação, se faltar os dias a que tem direito por lei;
15.º Se acompanhar alunos de algumas turmas numa visita de estudo edeixar outras turmas com substituição, também é considerada falta deassiduidade às actividades lectivas, imagine-se!!!!
16.º Como os avaliadores e os avaliados já leccionam juntos há muito tempo, há colegas de trabalho que não se falam e os titulares podem aproveitar para se vingar e estragar a vida aos avaliados…
17.º Numa primeira fase, os titulares não serão avaliados por ninguém (onde está a excelência?);
18.º Não vale a pena ter “excelente” ou “muito bom”, porque já não haverá vagas para titulares, quando nos for permitido tentar subir na carreira;
19.º Os resultados da avaliação dos alunos serão comparados entre disciplinas com competências totalmente diferentes. Por exemplo, ao comparar-se os resultados de Matemática com os de Educação Física, descobre-se facilmente qual o professor que sairá penalizado e terá de ir para o desemprego, se obtiver duas avaliações “Regulares”;
20.º Os professores serão avaliados pelo recurso às novas tecnologias e as escolas não têm projectores nem telas nas salas, as tomadas não funcionam, a electricidade desliga-se constantemente, nem há extensões suficientes!
21.º Os docentes serão avaliados pelas fichas formativas que forneçam aos alunos e só podem tirar fotocópias de testes de avaliação sumativa e, quando as escolas forem entregues às câmaras, nem a isso terão direito. Estas são algumas situações reais, haverá muitas outras que eu desconheço. Só um louco pode achar isto positivo, a não ser que se queira destruir de vez com o ensino público, enviando todos os professores para o desemprego.
O que se conseguiu até agora com o novo modelo de avaliação:
a) Há um constrangimento entre os professores titulares e os “professorzecos”;
b) Não há diálogo entre os docentes, havendo um “ruidoso” silêncio sepulcral na sala de professores;
c) Não há partilha de materiais por causa da competição, pois as quotas, que ainda não foram publicadas, serão muito reduzidas;
d) Estão todos desmotivados;
e) Os professores estão a entrar na escola às 8 horas e 30 minutos e a saírem depois das 22 horas, sem que ninguém lhes pague horas extraordinárias, a analisar grelhas, indicadores e instrumentos de avaliação, como se estivessem a cavar a sua própria sepultura;
f) Não há tempo para preparar aulas, desenvolver estratégias diferenciadas, elaborar e corrigir testes.
Se nos aspectos que eu referi, houver algo que não seja correcto, agradeço que me provem o contrário pelo e-mail: salvarescola@gmail.com. É evidente que esta avaliação só terá efeitos em 2009, porque as injustiças e os processos em tribunal serão tantos que alguém acordará e mudará tudo outra vez, mas, até lá, seremos umas cobaias de algo que sabemos que foi feito por alguém que não conhece a realidade das escolas.
Sinceramente, digam-me se os professores conscientes não terão direito à indignação.
Gostava de poder explicar estes aspectos ao Primeiro-Ministro e propor um modelo de avaliação mais simples, justo e eficaz, mas ele não me recebe, porque não gosta de ouvir quem está no terreno e porque não sou militante socialista. Sou um reles “professorzeco”, como nos qualificou a Ministra, mas vindo dela só pode ser um elogio
… a melhor arma é a escrita vou escrever tanto até ser ouvido por quem possa salvar a Educação.
Será que ainda há força para lutarmos unidos?
Manuel Dias
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O professor JoãoJá com idade para ser meu pai, o João era professor naquela escola há muitos anos. Já se evitava dar-lhe actas para secretariar e quanto menos escrevesse no quadro, melhor, tal era a coisa. O que vale, é que trabalhava sempre em par pedagógico, e a colega sempre conseguia disfarçar o desastre perante os alunos. Nas relações com os outros professores, era bruto que nem um chaparro. Insistia em fumar na sala dos professores, mesmo com colegas grávidas presentes, e quando se lhe pedia educadamente para parar de fumar, respondia com aquele ar de direito absoluto, recusando-se largar o cigarro ou mudar-se. O João era daquele tipo de fulanos que não deveriam ser professores. O sistema de avaliação dos professores da altura, que durou até esta recente diarreia intelectual da ministra e dos seus tenentes, permitia-lhe um satisfaz-chapa-cinco de cada vez, tal como todos os outros. Nos “corredores”, eu costumava reclamar com o sistema, por permitir que gente como ele continuasse a receber a mesma menção que os mais empenhados e competentes. E que continuasse a ser professor.Eu costumava reclamar por um sistema de avaliação que distinguisse os professores, que penalizasse os que não prestam, e que premiasse os que são bons. Infelizmente, a ministra não ouviu as minhas reclamações. Porque, infelizmente, a ministra inventou um sistema de avaliação tão patético, tão idiota, que o João foi promovido a professor titular e agora vai avaliar os outros professores!… Fonte desconhecida
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