Não parece haver outras opções. Ou saímos desta com o Euro, ou rompemos com a União Monetária e adoptamos uma nova moeda bem desvalorizadinha. Esta segunda solução é politicamente insustentável. Seria a morte política de PS e PSD que tudo apostaram, tudo conciliaram, para termos o Euro. O Euro é o símbolo máximo do "sucesso" da nossa integração no espaço político-económico europeu. Morrendo o Euro, morre este regime que por enquanto ainda subsiste.
O problema é que superar a crise em que estamos envolvidos amarrados ao Euro coloca imensas dificuldades económicas. A ponto de se dever considerar não apenas cortes nos salários nominais, já que num ambiente sem inflação a coisa só lá vai assim, mas também cortes nas prestações sociais e muito provavelmente nas pensões de reforma. Vai ser a doer. Como diz o Jorge Costa (sim, o homem que "treslê"), quer a gente queira, quer não.
Mas antes que se prepare o assalto ao Banco Central Europeu é preciso notar que uma hipotética nova moeda desvalorizada não nos pouparia à dor. Bem pelo contrário. A experiência de outras economias que foram forçadas a desvalorizar em circunstâncias semelhantes sofreram colapsos económicos severíssimos. Em particular, quando, como nós, a dívida privada era elevada. Nestas condições, uma moeda sem credibilidade e com necessidade de desvalorizar equivale a pressão esmagadora sobre a banca.
É verdade que o gráfico da trajectória económica de países que fizeram a experiência de desvalorizar é, com excepções, um pronunciado V: queda abrupta, recuperação relativamente rápida. Mas essa rapidez depende da profundidade das mazelas sofridas pelo sector bancário. Alguém quer arriscar?
Blog "Cachimbo de Magritte"
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