sexta-feira, 24 de abril de 2009

Ainda vale a pena comemorar o 25 de Abril?


A revolução do 25 de Abril de 1974 acabou, naquela altura, com a ditadura de Salazar. Depois desta data, e após alguns sobressaltos, a democracia consolidou-se e as pessoas puderam opinar livremente e constituir-se em associações. Volvidos 35 anos, continuamos a poder exprimir-nos livremente? Duvido muito. Ou seja, poder até podemos: escrevemos em jornais, nas revistas, na blogosfera, falamos na televisão, conversamos entre amigos ou em público. Mas falamos, salvo raras e louváveis excepções, com medo. Medo de represálias, de entrar em qualquer lista negra. Se não estamos com o chefe, então estamos contra o chefe (onde já ouvi isto?). Se criticamos o chefe, somos ostracizados e em última análise, afastados. Tudo isto, nos últimos tempos tem vindo a aumentar, aos olhos e ouvidos de todos. Estamos a ensaiar algum tipo de cegueira?

O fosso entre os mais ricos e os mais pobres vai aumentando. Com uma democracia, não devia, pelo contrário, estar a diminuir? Mas os ricos continuam ricos, os pobres mais pobres, e a classe média, garante e medida de uma nação evoluída, vai encolhendo, mingando. Nada contra os ricos, tudo contra os pobres, e absolutamente contra a destruição da classe média. Como se cria uma classe média forte? Bom, não sendo de forma alguma especialista, penso que esta depende claramente do nível e QUALIDADE de instrução de um povo, do dinamismo dos seus empresários, e da clarividência dos seus governantes. Os governos devem proteger e incentivar as classes médias. Não tenho visto, ultimamente, os médicos, juízes, enfermeiros, professores… com muitos motivos para sorrir. Pelo menos, os grupos da classe média pertencentes ao Estado não têm muito para sorrir, acusados de todos os males da nação. Ninguém deita a culpa à classe média independente. Talvez se pretenda que se extinga a dependência do Estado, e paulatinamente, privatizar quase tudo (se é assim, deviam, em prol da honestidade, admiti-lo abertamente). Diminuíam assim a despesa pública, mas melhoraria o nível de vida do seu povo? Não acredito. Como pagariam as pessoas as despesas da educação, saúde, justiça… Nos tempos da ditadura do Estado Novo, quem conseguia aceder ou vislumbrar o garante da educação, da saúde, da justiça... de si e da sua família? Poucos, muito poucos.

O 25 de Abril devia ter sido o garante da liberdade em Portugal. Liberdade para crescermos, liberdade para pensarmos, liberdade para dizermos o que pensamos, de forma crítica, aberta e construtiva. É isto que temos?

Henrique Faria

Publicada por ILÍDIO TRINDADE

1 comentário:

Ogre disse...

Olha aqui o que eu descobri:http://photomelomanias.blogspot.com/2009/04/paragem-deserta-preto-e-branco.html

Quando é que nos esquecemos de der livres?