Depois de Sócrates ter hipotecado, de forma injustificada e demagógica, o sucesso da sua governação ao "desígnio" da avaliação do desempenho dos professores e tendo em conta que a inépcia, a arbitrariedade e a prepotência com que o ministério da Educação forjou os titulares e impôs o modelo de avaliação levou a que as coisas dessem para o torto e se tenham traduzido numa legislatura perdida em matéria de educação, o novo governo e o PS que, minoritariamente, o suporta puseram-se a jeito dos professores e dos partidos da oposição para serem constrangidos a enfiarem no saco as suas equivocadas bandeiras.
Mas, falar-se de “vingança” dos professores é manifestamente exagerado, pois, trata-se apenas da imprescindível reposição das condições de justiça, equidade e bom senso que medidas erráticas e absurdas haviam arruinado miseravelmente.
As iniciativas legislativas que os partidos da oposição irão protagonizar constituem uma tempestade necessária e que, ao contrário do que a notícia do Expresso deixa transparecer, tem duas frentes activas no imediato, ou seja, a suspensão do modelo de avaliação, mas também e sobretudo, a revogação da divisão da carreira.
O enfoque exclusivo na questão da avaliação não sei se corresponde a um afunilamento premeditado ou se resulta apenas de uma leitura distraída e redutora que o jornalista empreende dos compromissos que os partidos da oposição assumiram com os professores e que agora vêm sendo publicamente reiterados partido a partido.
Seja como for, estamos perante uma notícia amputada, uma vez que a intervenção legislativa, em sede parlamentar, não se cingirá à rejeição do modelo de avaliação do desempenho em vigor e dos seus efeitos, como se estenderá inevitavelmente à revogação do ECD na parte relativa à divisão artificial e iníqua entre titulares e meros professores, enquanto medida que violentou direitos e expectativas legítimas e instaurou golpadas casuísticas e inaceitáveis na hierarquização dos professores, além de que retirou seriedade e desacreditou irremediavelmente o modelo de avaliação.
É bom que os jornalistas, doravante, não se esqueçam de referenciar também o fim anunciado da mãe de todos os problemas e essa chama-se divisão da carreira.
Posted by Octávio Gonçalves
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