quarta-feira, 9 de setembro de 2009

UMA GUERRA QUE TERÁ EFEITOS BREVEMENTE

"Guerra" com professores condenada pela OposiçãoDebate PS acusado de "desprestigiar" e "punir" classe, da Direita à EsquerdaO PS foi bombardeado com críticas quanto à "guerra" com os professores, da Esquerda à Direita, no debate sobre a educação promovido pelo JN, ontem, terça-feira, na Quinta das Lágrimas, em Coimbra. Mas manteve-se firme.

"Temos de pôr fim a esta novela. O modelo de avaliação só serve para castigar os professores. Temos de terminar com este clima de guerra. Fazer a avaliação dos professores, mas não através destes sistema, absolutamente kafkiano, que não serve para nada". As palavras de Ana Drago, do Bloco de Esquerda, não estão muito distantes do pensamento veiculado pelos demais partidos da Oposição, num debate em que também se falou muito de "facilitismo" e abandono escolar.

Todavia, o "ataque aos professores" - na expressão de João Oliveira, da CDU - esteve quase sempre no centro da discussão, com docentes a manifestarem, inclusivamente, o seu descontentamento a partir da plateia. Os representantes do Bloco, da CDU, do CDS e do PSD foram unânimes ao considerar o modelo de avaliação proposto pelo Governo uma forma de "desprestigiar" e "punir" estes profissionais. Aliás, de acordo com João Oliveira, "os professores estão tão desmotivados que preferem aposentar-se, mesmo com penalizações nas reformas".

A intervenção de Pedro Mota Soares, do CDS-PP, começou logo com a crítica ao "clima de perseguição, de diminuição da autoridade dos professores na escola e na sociedade que caracterizou a actuação do Ministério da Educação (ME) nos últimos quatro anos e meio". "Tivemos leis a mais, polémicas a mais, e resultados a menos", defendeu o responsável político, sugerindo um "sistema de avaliação justo e global", que analisasse outros aspectos. Os manuais escolares, por exemplo.

O social-democrata Pedro Duarte, por seu lado, condenou o ambiente de "guerrilha" e de "falta de tranquilidade" nas escolas. Mais adiante, pediu a suspensão imediata do polémico modelo de avaliação, frisando que, para partir para um novo, "não temos de inventar a roda". Melhor explicado: "Basta olhar para as boas práticas internacionais. Facilmente, em diálogo com os professores, construímos um modelo de avaliação que seja um elemento de melhoria e de motivação".

A socialista Manuela Melo não cedeu perante as investidas da Oposição. "Há princípios de que o PS não abdica", referiu. Como "ter consequências" ("Não há uma situação de avaliação que possa não ser formativa"), ou "premiar o mérito". Destacou, ainda, que o processo de avaliação já sofreu alterações", fruto do "debate constante" com as estruturas representativas dos docentes. "A avaliação dos professores será feita [com base] nos mesmos princípios, com adaptações, e penso que os próprios professores não o contestam", rematou.

Manuela Melo preferiu centrar-se noutros aspectos da governação socialista, no que à educação diz respeito. A saber: a permanência de mais alunos nas escolas, por via da obrigatoriedade do ensino; a "diversificação dos currículos escolares"; o esforço enorme" no sentido de requalificar um parque escolar que "estava muito degradado". O programa Novas Oportunidades foi outra bandeira erguida alto. "Ganhou muitos pais para a ideia de que a escola é fundamental", sustentou.

Pedro Duarte foi das vozes mais críticas do alegado "facilitismo" na educação: "É saudável que haja alunos a passar com nove negativas em 14 disciplinas?". "A palavra 'facilitismo' surgiu no discurso político quando os resultados começaram a aparecer", respondeu Manuela Melo.
Os professores presentes é que não pareceram satisfeitos com o cenário actual, nas escolas. António Monteiro, por exemplo, criticou a "indisciplina" reinante, as aulas de 90 minutos e as de substituição. "É uma escravatura terrível", lamentou.

In Jornal de Notícias.

Publicada por ILÍDIO TRINDADE

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