domingo, 28 de setembro de 2008

Quero voltar ao Terreiro do Paço...

Terreiro do Paço - Um poema de Luís Costa


Quero voltar ao Terreiro do Paço,

Onde a chave do sonho se perdeu!
Quero voltar àquele mesmo espaço,
Repetir a força daquele abraço,
Tocar, de novo, címbalos no céu!

Quero muito voltar àquela praça,
Onde a voz da liberdade se ergueu!
Quero ver o peito daquela massa
Humana, sem refreio nem mordaça,
Tocar, de novo, címbalos no céu!

Quero voltar ao rossio claustral,
Resgatar o sonho que se perdeu,
Respirar, de novo, aquele ideal,
Que já foi a alma de Portugal,
Tocar, de novo, címbalos no céu!

Luís Costa

terça-feira, 23 de setembro de 2008

PROTESTO DIA 30 DE NOVEMBRO

Subject: Fwd: PROTESTO MARCADO DIA 30/9 3ª FEIRA ÀS 15 HORAS EM FRENTE AO ME- DIVULGA!! REENCAMINHA!!



Colegas
O protesto está marcado para dia 30/9 (terça-feira) às 15 horas. Fomos ao governo civil hoje e entregámos a comunicação! Isto é o tudo por tudo COLEGAS! Temos que dar o máximo! A comunicação social vai ser convocada! Se estiverem poucas pessoas a nossa luta é prejudicada! Consciencializemo-nos disso!
A presença de cada um de nós é fundamental! Contamos com a solidariedade de todos os colegas também!
Passem a palavra!

Choque pedagógico...

Choque pedagógico - Venha o desfibrilador! - Parte Um. Mais um texto de Luís Costa



Vou tentar ser breve — sintético e sincrético — como faço quando escrevo poesia. Já tenho a fita métrica na mão, para não me exceder. É uma fita métrica de metal, porque as das costureiras não são de fiar: são de plástico e, por isso mesmo, dilatam com o calor e muito mais com o nervosismo. E estou nervoso que eu sei lá! Vamos então aos “finalmentes”, ao diagnóstico da situação, uma vez que, nos dias que correm, esta é a palavra que mais se ouve nas escolas: até as fotocopiadoras andam enjoadas!


Ministra e seus acólitos
Trio maravilha, que está a colocar na roda, para adopção, a Escola Pública criada pelo saudosíssimo Marquês de Pombal. “Resultados escolares mais agradáveis à vista, com menos dinheiro”, parece ser o lema. E vamos bem, muito bem encaminhados para atingir este objectivo: às tantas até já o atingimos e eu nem conta dei! A fórmula não é complicada: desqualificação profissional do professor, tornando-o “pau-para-toda-a-colher” — a quantidade de horas que o docente tem de passar na escola são a prova evidente do desinvestimento na sua acção individual, na concepção e planificação das aulas, na investigação necessária a um trabalho de qualidade (os manuais são enlatados curriculares adequados a quem não tem tempo, ou não sabe cozinhar); diarreia legislativa indutora de desorientação, de incerteza — passadeira vermelha para a arbitrariedade, para o apriorismo, para o abuso no exercício do poder nas escolas; instauração de um clima de medo, de divisão da classe, que tem empurrado muitos professores para a subserviência acrítica, para uma subalternidade encolhida.
Todos estes factores acabam por tornar “natural” o depauperado estatuto social do professor e o seu miserável poder de compra. Quem não estiver contente, tem sempre a possibilidade de ir-se embora, como disse Lurdes Rodrigues, denotando conhecimento profundo do socialismo mais moderno. O que temo, e muito, é o perfil de cidadão que se pretende criar com professores intimidados, amedrontados, conformados, desqualificados, desrespeitados, desautorizados e humilhados: será tudo, menos livres-pensadores!

Luís Costa

SUCESSO ESCOLA 100% NO PRÓXIMO ANO

MLR avisa: condições estão quase reunidas para os 100% de sucesso escolar


O jornal Sol Online de ontem noticia: a ministra da educação afirmou, em Lousada, que Portugal começa a reunir as condições para atingir os 100% de sucesso no 9º ano. «Não é uma utopia. Se outros países da Europa com os quais nos comparamos o fazem, Portugal também o pode fazer», disse a ministra.


Maria de Lurdes Rodrigues, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de inauguração do novo centro escolar de Nevogilde, Lousada, distrito do Porto, explicou que Portugal começa a reunir todas as condições para alcançar a meta dos 100 por cento de aprovações no final do ensino básico.


«Os nossos alunos não são menos inteligentes, os nossos professores não são menos preparados, as nossas escolas eram piores, mas estão a ficar melhores. Portanto, com todas as condições, não é uma utopia, é mesmo uma meta para cumprir», explicou.


comentário:

Alguém duvida que vai chegar aos 100 por cento o (in)sucesso escolar? Eu não! Todas as condições foram criadas para isso. E a Ministra nem precisava de tanta papelada para esse fim. Apenas fazia um Dec. Lei (?) + um Despacho tal (?) + um Ofício (x), configurado nos objectivos tais, e pronto! estava tudo cozinhado para emanar uma Lei com o seguinte discurso: " TODOS OS ALUNOS TÊM OBRIGATÓRIAMENTE QUE PASSAR. PORQUE SE NOS OUTROS PAÍSES PASSAM, OS NOSSOS ALUNOS NÃO SÃO MAIS BURROS E ATÉ OS NOSSOS PROFESSORES NÃO SÃO NADA MAUS... ESTÃO REUNIDAS AS CONDIÇÕES PARA O SUCESSO A CEM POR CENTO..." E nós professores, felizes e contentes lá passavamos os meninos. Escala de 3 a 5 para o básico e 10 a 20 para o secundário. Que acham da ideia?

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

SENHORA MINISTRA, DEMITA-SE


PEDIDO DE DEMISSÃO DA SENHORA MINISTRA

Quem quiser pode subscrever, copiar e enviar para a Sra. Ministra.
(Maria de Lurdes Rodrigues - mlurdes.rodrigues@me.gov.pt)

SENHORA MINISTRA, DEMITA-SE
Muitas têm sido as vozes a pronunciar estas palavras, nos últimos e conturbados tempos que as escolas têm vivido. Cem mil, em uníssono, gritaram-nas bem alto, no dia 8 de Março, nas artérias e praças de Lisboa, que parecia minúscula para tanto e tão legítimo descontentamento. Ainda assim, fazendo tanta prova de tenacidade como de egocentrismo intelectual e de falta de sentido democrático, V. Ex.ª nem se demitiu, nem questionou a justeza das reivindicações. Limitou-se a reafirmar a sua intransigência e, uma vez mais, os seus incuráveis preconceitos relativamente à classe docente deste país, apoucando-nos, desautorizando-nos publicamente — “os professores não compreenderam ainda”; “ os professores têm de compreender”; “algumas escolas estão a ter dificuldades na aplicação deste modelo de avaliação” — como se nós não fossemos capazes de perceber aquilo que nos é imposto, justo ou injusto para nós; como se fosse necessário V. Ex.ª fazer-nos um desenho para nós percebermos. Ainda não chegámos a esse estado, Senhora Ministra, mas, se estas políticas continuarem, lá chegaremos — nós e os nossos alunos. Vou, pois, tentar expor algumas razões que justificam a sua demissão, a bem do futuro deste país.Não encontro na memória um líder que tenha, publicamente, denegrido tanto a imagem dos seus subordinados como V. Ex.ª. Não consigo encontrar, na História Universal, nenhum general que tenha ganho uma só batalha, desautorizando e desmoralizando as suas tropas. O que eu constato é que todos, mas mesmo todos, convenceram os seus homens de que eram os melhores do mundo. E, nesse campo, até o futebol nos dá lições. Ora, o que V. Ex.ª fez desde que chegou ao cargo, foi passar para a sociedade a ideia — com todas as ilações que daí é possível retirar — de que teremos mais sucesso escolar, se os professores passarem mais tempo no recinto escolar. Quando se trata de vencer o insucesso, a questão é invariavelmente a mesma: o que vão fazer os senhores professores? Talvez por isso tenha “inventado” um modo de diminuir a nossa componente não lectiva, colocando-nos a executar uma série de tarefas na escola, que mais não visam do que diminuir as necessidades de recursos humanos (se colocasse nas escolas o pessoal auxiliar necessário, resolveria uma boa parte dos problemas do desemprego e da indisciplina escolar). Por outro lado, como pretende ter melhores docentes, subtraindo-lhes significativamente o tempo de preparação das actividades lectivas, correcção dos trabalhos e provas dos alunos, de pesquisa, de actualização? É claro que V. Ex.ª não tem resposta para esta pergunta! E é melhor que não tenha, pelo menos para mim, que suponho que os professores (sobretudo as professoras, que são a maioria) não utilizavam essas horas para se dedicarem aos alunos e à escola, mas lavando e passando roupa, limpando e arrumando a casa… enfim, usurpando o Estado.Aos preconceitos enunciados nas tristes linhas precedentes, V. Ex.ª tem adicionado uma característica de governação que colide brutalmente com os princípios mais básicos do acto educativo: o princípio da estabilidade, da serenidade e da clareza, que a Senhora Ministra tanto apregoa. Porém, V. Ex.ª — peço-lhe imensa desculpa, mas tenho de o dizer — tem sido, através das suas constantes e ansiosas intervenções no sistema de ensino, geradora de confusão, de instabilidade e de desorientação: confusão, por exemplo, quando validou as aberrações da denominada T.L.E.B.S., herdada do Governo precedente, e a introduziu directamente no sistema, em todos os níveis de ensino; instabilidade constante, porque chegam às escolas, a um ritmo alucinante, normativos legais que alteram as regras que deram forma ao arranque do ano lectivo, regras que, a seu tempo, foram devidamente explicadas a alunos e encarregados de educação; instabilidade, porque publicou em Janeiro — cedendo, talvez, à agenda eleitoral do Senhor Primeiro Ministro — quase em simultâneo, vários diplomas legais que revolucionam o dia-a-dia de todos os membros da comunidade escolar (Educação Especial; Estatuto do Aluno; Sistema de Avaliação do Pessoal Docente…), alguns dos quais com prazos — sejamos apenas assertivos — absolutamente impossíveis; desorientação, porque são muitos os despachos e ofícios a “esclarecer” aquilo que os normativos legais querem dizer, ou não dizem, subvertendo, não raramente, aquilo que — pelo menos para mim, um leigo em questões de Direito — “era” um princípio inquestionável: a hierarquia legal (sempre acreditei que as leis mais gerais precediam e prevaleciam sobre os decretos, despachos, ofícios, regulamentos internos das escolas…). E, para que esta afirmação não seja vã, cito apenas o exemplo do novo “Estatuto do Aluno do Ensino Básico e Secundário”, uma Lei, publicada no dia 18 de Janeiro com efeitos imediatos. Confrontado com toda uma panóplia de contrariedades que haviam escapado ao legislador, fez o Ministério da Educação chegar às escolas um ofício, no qual se diz, em síntese, que o articulado que implica a alteração dos regulamentos internos das escolas terá de aguardar a actualização dos mesmos e, como é evidente, a respectiva aprovação pelo Senhor Director Regional de Educação, ou seja, “afinal já não se aplicará no presente ano lectivo”. Algumas escolas, que já haviam procedido em conformidade — crendo que a Lei prevalece sobre o Regulamento Interno — tiveram de dar o dito por não dito, com a ingrata tarefa de encarar alunos e encarregados de educação, os quais — não me espanta nada — terão ficado a pensar que não sabemos às quantas andamos. Lá terão as suas razões. Na Educação e no Ensino, Senhora Ministra, a pressa é sempre inimiga da perfeição e, geralmente, paga-se muito caro quando se age primeiro e se pensa depois. Já lá vão os tempos em que tudo isto era debatido com os professores e as alterações de fundo ocorriam antes de os anos lectivos começarem.Por fim, há todo um clima de hostilidade crescente contra os professores deste país, nunca visto desde o nosso saudoso Marquês de Pombal, aos pés do qual — refiro-me ao monumento, como é óbvio — me reuni com muitos milhares de colegas, no pretérito dia 8, para contestar, não a sua pessoa, mas o seu ministério, que está a mediocrizar o Ensino Público, que aquele criou com tão parcos recursos. Há todo um clima de agressividade verbal e não só, do qual nós — docentes e também, muitas e muitas vezes, os primeiros assistentes sociais deste país, os primeiros confidentes dos alunos, o seu amparo, o ombro amigo — estamos a ser vítimas. É uma injustiça incomensurável, Senhora Ministra! Rasgou-se, talvez irremediavelmente, o último fio do cordão de confiança e admiração que nos unia aos alunos: passaram a ver-nos como faltosos, preguiçosos, incapazes, incumpridores e receosos, por essas vergonhosas razões, do novo sistema de avaliação. Acham que já não têm de estudar, que nós é que precisamos de lhes dar boas notas para sermos bem avaliados. Para eles, afinal, nós somos incompetentes e vamos ser postos na linha. E V. Ex.ª nunca foi à Televisão, ou aos meios de comunicação em geral, condenar, sem equívocos, os insultos dos “Rangéis” deste país, daqueles que se acham à vontade para nos chamar “hooligans”, envenenando a nossa relação pedagógica com os alunos. Pelo contrário, ainda há dias V. Ex.ª classificou como ridículos, na Assembleia de República, para todo o país ouvir, os documentos inerentes ao processo de avaliação de duas escolas; ainda há dias, após uma repugnante cena de agressão a uma professora, que V. Ex.ª qualificou apenas como “lamentável”, o Senhor Secretário de Estado, Dr. Valter Lemos, afirmava na rádio que o novo Estatuto do Aluno — concebido apenas para impedir que os discentes reprovem por faltas — reforça a autoridade do professor. Porém, nós, os professores e professoras deste país, pensamos precisamente o contrário, talvez por não sermos capazes de o entender, de retirar dele todas as suas potencialidades intrínsecas, de o usar em proveito da autoridade que tanto reivindicamos. E, enquanto navegamos em normativos, num mar de palavras e palavras que visam encobrir a mão somítica que esgana o orçamento e a qualidade da Escola Pública, enquanto se instrumentaliza a avaliação dos professores para induzir “sucesso escolar” com menos gastos, enquanto se instrumentaliza a gestão das escolas para alongar o braço do poder, a hostilidade contra nós surge de todos os lados, como uma autêntica tempestade que, mais tarde ou mais cedo, nos fará naufragar. A indisciplina, que já ia fazendo parte do nosso triste quotidiano, parece que acaba de evoluir rapidamente para uma violência que se generaliza, ao ritmo das vozes daqueles que vociferam contra nós, nas tubas mais sonoras dos meios de comunicação social.Por tudo isto e também porque se rasgou irremediavelmente o cordão de confiança política e profissional que nos unia, considero que V. Ex.ª já não tem condições para continuar no cargo, que já não é possível recuperar, consigo, tudo aquilo que se perdeu. Por tudo isto — e com todo o respeito pessoal por V. Ex.ª — lhe peço:
Senhora Ministra, queira ter a humildade de se demitir!Luís Costa (Professor da Escola E. B. 2/3 de Real, Braga)
Publicada por ILÍDIO TRINDADE

O ELOGIO DA LOUCURA

Quando pensávamos que já se tinha chegado ao fundo, eis que o buraco enegrece à medida que se apresenta maior!
Tudo me intriga. Em termos de Educação, a loucura, bizarrice, sadismo e destruição podem ficar como a marca desta ministra e, consequentemente, deste governo. Reparem no que fez e no que diz: "os nossos professores não são menos preparados".
Afirma ministra da EducaçãoPassar todos os alunos do nono ano é objectivo do GovernoA ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, afirmou hoje, em Lousada, que um dos objectivos da sua equipa é alcançar nos próximos anos 100 por cento de aprovações no final do nono ano de escolaridade.«Não é uma utopia. Se outros países da Europa com os quais nos comparamos o fazem, Portugal também o pode fazer», disse a ministra.Maria de Lurdes Rodrigues, que falava aos jornalistas à margem da cerimónia de inauguração do novo centro escolar de Nevogilde, Lousada, distrito do Porto, explicou que Portugal começa a reunir todas as condições para alcançar a meta dos 100 por cento de aprovações no final do ensino básico.«Os nossos alunos não são menos inteligentes, os nossos professores não são menos preparados, as nossas escolas eram piores, mas estão a ficar melhores. Portanto, com todas as condições, não é uma utopia, é mesmo uma meta para cumprir», explicou.Respondendo a uma questão sobre a possibilidade de o 12º ano passar a ser o nível de escolaridade obrigatório em Portugal, a ministra lembrou que essa medida consta do Programa do Governo e reafirmou que é propósito do Executivo continuar a trabalhar no sentido de aumentar a escolaridade dos nossos alunos.Toda a notícia no Sol.
Publicada por ILÍDIO TRINDADE

domingo, 21 de setembro de 2008

Não te entregues, ó professora!


Não te entregues, ó professora! Um poema de Luís Costa

NÃO TE ENTREGUES

Não te entregues, Ana Maria,
Que a esperança não morreu!
Não te entregues, todavia,
Que o lúcido raiar do dia
Já anuncia o jubileu!

Não te entregues, professorinha,
Que a clara manhã já lá vem!
Não cedas à noite mesquinha
Que a aurora já se adivinha
Na estrelinha que a brisa tem!

Não te entregues, Ana Maria,
Mantém o corpo puro e são!
Não o dês à velhacaria,
À mão torpe da chularia,
Que te esvazia de ilusão!

Não te entregues, ó professora!
Resguarda a tua dignidade,
Repele essa mão impostora,
Essa vontade ditadora,
Resiste até à claridade!

Não te entregues, Ana Maria,
Que já lá vem a luz do dia!

Luís Costa

Portugal na óptica de sócrates...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

MAIS UM SINTOMA DA BANDALHEIRA

Situação bem ilustrativa... da bandalheira a que chegámos!... Leiam bem esta notícia:

Recurso de aluna fez disparar as notas

A reavaliação dos exames nacionais de uma aluna do 11.º ano da Secundária de Fafe transformou notas "sofríveis" em "excelentes". Os restantes pais não se conformam e já foi pedida a intervenção do Ministério da Educação.

Pais e alunos das turmas do 11º ano, do ano lectivo transacto, da Escola Secundária de Fafe estão revoltados com a "subida astronómica" que tiveram as notas de uma aluna que pediu recurso dos exames nacionais de Física e Química e de Biologia e Geologia. As notas transformaram-se, após o recurso da aluna, de positivas sofríveis em notas de excelência.

"Na prova de Física e Química passou de 9,8 para 18,9 enquanto na prova de Biologia e Geologia a nota de 11,6 transformou-se em 19", explicou ao JN um dos vários encarregados de educação que se apresentam revoltados com este volte-face na classificação dos exames nacionais.

Toda a notícia Jornal de Notícias.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Pasto florido - um poema de Luís Costa

Os abutres vão desenhando
Círculos negros no ar,
Enquanto as hienas, salivando,
Vão espreitando
A hora certa de atacar.
Na planura descampada,
Confiante e distraída,
Vai pastando a manada,
Submissa e condenada
Ao fero ciclo da vida!
Neste pasto florido,
Quem não come... é comido!
Um leve cicio do vento
Traz o perigo em segredo!
E o cheiro pestilento
Daquele bando sangrento
Semeia, no pasto, o medo!
A bicharada mais esperta,
Recuando acobardada,
Aninha-se, pela certa,
No centro, que se aperta,
Do denso corpo da manada!
Neste pasto florido,
Quem não come... é comido!
A ala mais destemida,
Valente e denodada,
Enfrenta a trupe bandida,
Pagando, com a própria vida,
A vida da bicharada!
E uma raposa astuta,
Lá no cimo, nas alturas,
Vai brandindo a batuta,
Redesenhando na luta
Mais intrigas e urdiduras.
Neste pasto florido,
Quem não come... é comido!
Luís Costa

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

DO FACILITISMO À MANUTENÇÃO DO PODER

Uma colega, certamente preocupada, como todos, com a verborreia legislativa e o facilitistismo que visa a preservação do poder através da ignorância dos governados, enviou-nos o seguinte e-mail, cujo conteúdo aqui partilhamos.
Notícia do Dia: Os alunos já não escolhem Química e Física no Ensino Secundário. A disciplina é difícil e há muitas reprovações.A mesma questão/problema já se coloca em relação ao ensino da Filosofia. Dá muito trabalho a pensar; ensina-se a ser crítico, a tomar posição pessoal e isso é difícil e indesejável. Poucos alunos escolhem Filosofia, no 12º Ano.
A agravar a situação, a disciplina de Filosofia deixou de ser específica. Imaginem que até para quem quer estudar Filosofia na Universidade terá que fazer Exame Nacional de Matemática. Antes, para acesso a Direito e a áreas de Humanidades, a Filosofia era disciplina de exame. Agora não! Porque será?
Incrível não é?
Publicada por ILÍDIO TRINDADE

Manifesto anti - Maria de Lurdes

Basta pum basta!!!

Uma geração que consente deixar-se dominar por uma Maria de Lurdes é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração Maria de Lurdes!

Corram com a Maria de Lurdes, corram! Pim!

Uma geração com uma Maria de Lurdes a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com uma Maria de Lurdes ao leme é uma canoa em seco!

A Maria de Lurdes é meio demagoga!

A Maria de Lurdes é demagoga inteira!

A Maria de Lurdes saberá de sociologia, saberá estatística, saberá escrever sobre o estatuto dos engenheiros, saberá transformar uma anarquista numa ditadorazeca do terceiro mundo, saberá de tudo menos de educação que é a única coisa que se esperaria que ela soubesse!

A Maria de Lurdes pesca tanto de pedagogia que erigiu em fim principal da escola a ocupação dos tempos livres dos alunos ociosos, que transformou os professores em principal inimigo do Governo, que quis pôr o País inteiro contra os professores!

A Maria de Lurdes é uma habilidosa!

A Maria de Lurdes tem um trauma de infância contra os professores!

A Maria de Lurdes que foi professora primária esconde esta “mácula” na sua biografia oficial. Sente vergonha de ter sido professora como quem tem vergonha da própria mãe. É uma vergonha!

A Maria de Lurdes transformou a pedagogia em demagogia!

A Maria de Lurdes manipula, tergiversa, mente e tenta colocar as escolas ao serviço dos interesses partidários!

A Maria de Lurdes quer destruir a escola pública!

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

A Maria de Lurdes fez um Estatuto da Carreira Docente que só poderia ter sido feito no Chile de Pinochet de onde o seu mestre anarquista, João Freire, o copiou mal e porcamente!

E a Maria de Lurdes teve claque! E a Maria de Lurdes teve palmas! E a Maria de Lurdes agradeceu!

A Maria de Lurdes é uma vergonha!

Não é preciso ir prá 5 de Outubro pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta extrorquir aos professores os seus direitos como a Maria de Lurdes faz! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem pedagógicos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões do eduques, com as alucinações de um alumbrado como Valter Lemos! Basta usar o tal sorrisinho cínico, basta fazer aparência de muito delicada, e usar olhos meigos para os jornalistas! Basta ser Judas! Basta ser Maria de Lurdes!

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

A Maria de Lurdes nasceu para provar que nem todos os que governam sabem governar!

A Maria de Lurdes é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar mentiras, estatísticas manipuladas, dinheiro, prémios, livros e computadores para comprar os votos aos pais!

A Maria de Lurdes é uma doentia perturbação dela-própria!

A Maria de Lurdes em génio nem chega a pólvora seca e em competência é pim-pam-pum.

A Maria de Lurdes em poses eróticas no jornal Expresso é horrorosa!

A Maria de Lurdes tresanda a mentira e a demagogia!

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

A Maria de Lurdes é o escárnio da consciência!

Se a Maria de Lurdes é portuguesa eu quero ser do Chile, do país de onde importaram o Estatuto da Carreira Docente!

A Maria de Lurdes é a vergonha da intelectualidade portuguesa!

A Maria de Lurdes é a meta da decadência mental!

E ainda há uns propagandistas na comunicação social que não coram quando dizem admirar a Maria de Lurdes, quais Vitais Moreiras e outras lavadeiras das imundices da socratinada!

E ainda há quem lhe estenda a mão!

E quem lhe lave a imagem com campanhas de propaganda!

E quem tenha dó da Maria de Lurdes, imputando as culpas deste desastre ao inenarrável Valter Lemos!

E ainda há quem duvide que a Maria de Lurdes não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!

Continue a senhora Maria de Lurdes a governar assim que o País há-de ganhar muito com destruição das escolas públicas e há-de ver que ainda apanha uma estátua de cera no Museu dos Horrores e um monumento erecto por subscrição pública dos espanhóis que finalmente ao fim de oito séculos conseguirão destruir Portugal, e a Praça de Camões mudada em Praça Dr.ª Maria de Lurdes, e com festas da cidade plos aniversários, e sabonetes em conta Maria de Lurdes" e pasta Maria de Lurdes prós dentes, e graxa Maria de Lurdes prás botas e Niveína Maria de Lurdes, e comprimidos Maria de Lurdes, e autoclismos Maria de Lurdes e Maria de Lurdes, Maria de Lurdes, Maria de Lurdes, Maria de Lurdes... E limonadas Maria de Lurdes-Magnésia.

E fique sabendo a Maria de Lurdes que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é a Maria de Lurdes que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.

E fique sabendo a Maria de Lurdes que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.

Mas julgais que nisto se resume a pedagogia portuguesa? Não Mil vezes não!

Temos, além disto o Secretário de Estado Valter Lemos, outro iluminado vítima da Síndrome de Legiferação Compulsiva que, como ela, esquecendo a sua formação docente, vive obcecado em perseguir os professores e em transformar os alunos num bando de ignorantes e insubordinados.
E há ainda a Directora Regional de Educação do Norte que, encarnado o espírito ditatorial de um engenheiro que não o é, se deleita a punir delitos de opinião e que proclamou ao mundo o direito inalienável dos alunos ao sucesso, mesmo que não saibam ler nem escrever nem contar. E há ainda o Director do GAVE especialista em fabricar exames nacionais para atrasados mentais, para mostrar ao mundo a grande sabedoria dos alunos portugueses.

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Corram com a Maria de Lurdes, depressa, corram com ela! Pim!


Adaptado de José de Almada Negreiros
Poeta d'Orpheu
Futurista E Tudo
1915 (2008)

por um singelo Amante da Pátria Portuguesa indignado com a corja de bandidos e de incompetentes dirigidos pelo maior especialista em falsos diplomas que a história lusíada produziu…, seja o dele próprio sejam os das Novas Oportunidades que ele distribui a esmo, transformando milagrosamente ignorantes em letrados, cabulões em engenheiros de obras feitas, nulidades em políticos do mais alto coturno maquiavélico, cavalidades em sábios ministros e secretários de estado…

terça-feira, 16 de setembro de 2008

(IN)COERÊNCIA DE ALGUNS REVOLUCIONÁRIOS

Clicar na imagem para ampliar.

DIPLOMADOS POR 500

O Diploma dos 500

domingo, 14 de setembro de 2008

Manifesto anti-sarcos

Luís Costa está de volta e com ele o Dardomeu


Basta!
Morra o Sarcos! Rá-tá-tá!

Abaixo a arrogância, a prepotência!
Abaixo a jactância e a impostura
Escondida na armadura
Fashion e macia
Desta macilenta democracia!

Basta!
Morra o Sarcos! Rá-tá-tá!

O Sarcos é um bacano
O Sarcos é um porreiro, pá,
Eleito por engano
Em domingo de nevoeiro!
O Sarcos tem um canudo
De cortiça,
Um canudo de Entrudo,
Com fitas e tudo,
Comprado depois da missa!

Basta!
Morra o Sarcos! Rá-tá-tá!

O Sarcos mente ao país
Com quantos dentes tem!
Cala e fala a preceito
E não sabe o que diz.
O Sarcos não respeita ninguém!
O Sarcos não tem coração:
Manda e desmanda sem jeito!
O Sarcos é um anão
Do Socialismo e do Direito!

Basta!
Morra o Sarcos! Rá-tá-tá!

Um país que tem Sarcos
É um feudo ordinário,
Que fabrica pobreza
Para alimentar a avareza
Do gordo milionário!
O Sarcos vai dar de frosques,
Porque é um Robim dos Bosques
Virado ao contrário!

Basta!
Morra o Sarcos! Rá-tá-tá!

O Sarcos é um corvo,
Augúrio do retrocesso
E da liberdade esganada!
O Sarcos é um estorvo,
Um empecilho de alabastro,
Que nos impede o progresso!
Arranquemos este emplastro,
Esta excrescência da política,
Que nos leva à derrocada
E à liberdade somítica!

Basta!
Morra o Sarcos! Rá-tá-tá!

E como se abate
Este bicho ignoto?
Com arma de chocolate:
O VOTO!

Basta!
Morra o Sarcos! Rá-tá-tá!

Luís Costa

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

O FIM ANUNCIADO DE PORTUGAL...

Vasco Pulido Valente escreve sobre o fim de Portugal como país e nação


Vale a pena ler. Clique em cima da fotografia para ampliar. A acusação de VPV é forte: PS e PSD lançaram o país num beco sem saída. Portugal está sem destino e o povo anestesiado e sem esperança. Paralisado pela utopia não cumprida: o sonho europeu, uma Europa rica que cuidaria de nós, de onde viria uma corrente infindável de fundos. Soube-se hoje (dados do INE) que, no ano passado, o número de óbitos ultrapassou o número de nascimentos. Quando o povo deixa de procriar, por falta de esperança e de incentivo, é porque optou por um gradual suicídio colectivo. Esta é a herança que eles nos deixaram. 24 governantes aproveitaram o dia do diploma para se passearem pelo país a distribuir cheques de 500 euros. Com a justiça a passar pela maior crise de sempre (os juízes impedidos de decretar a prisão privativa de criminosos violentos e cruéis em consequência de uma revisão irresponsável do código penal), o sistema nacional de saúde em plano inclinado e o valor das reformas e salários a caírem a pique, andar pelo país a distribuir cheques de 500 euros, numa operação de propaganda que custou mais de 500 mil euros, é rir da desgraça em que o país se encontra.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O CIRCO DA EDUCAÇÃO COMEÇOU...

Amanhã é o Dia D, isto é, o Dia do Diploma. É um dia de festa! De arromba! Algumas escolas foram eleitas para receber altíssimas individualidades aos olhos do povo letrado de novas oportunidades. Segundo ouvi, nalgumas escolas, houve ensaios gerais e convocatória para assegurar a enchente.
É de festa que o povinho gosta! Norte e o Sul são contemplados. Claro que a capital tinha de ficar para o maior, para o chefe.
Às vezes andamos à procura deles e não sabemos onde os encontrar. O Portal da Eduacação (do bem-amado Ministério da Educação) não esconde os locais do circo.
O primeiro-ministro estará às 11:00 horas na Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa, acompanhado do secretário de Estado da Educação, Valter Lemos.A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, deslocar-se-á às 11:00 horas à Escola Secundária Almeida Garrett, em Vila Nova de Gaia, e às 15:00 horas à Escola Secundária de Amarante.Já o secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, participará nas cerimónias da Escola Secundária Tomás Cabreira, em Faro, a partir das 15:00 horas.
Publicada por ILÍDIO TRINDADE

terça-feira, 9 de setembro de 2008

CÂNTICO NEGRO de José Régio

Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

José Régio

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

ASSIM VAI A EDUCAÇÃO...

O SISTEMA DE ENSINO É UM MONSTRUOSO ENGANO

"O sistema de ensino em Portugal é hoje um monstruoso engano, em que se enganam as famílias, os jovens e as empresas (...) A Educação é um fracasso enorme deste governo."

"Não interessa ao poder político combater a corrupção."

"O Governo preocupou-se apenas com os interesses de curto prazo dos grandes Grupos empresariais."

"O PS é um partido de clientelas."


HENRIQUE NETO, empresário e ex-dirigente do PS

Notícia integral nas páginas 12, 13 e 14 do Jornal O DIABO de 2 de Setembro de 2008 (não existe edição online na internet).

ARGUMENTOS A FAVOR ORDEM DE PROFESSORES

A propósito de um tema que introduzimos na entrada Ruptura! Vamos a isto?, em breve apresentaremos alguns argumentos favoráveis à criação de um partido político de pendor profissional. Hoje apresentamos um texto, que nos foi enviado por e-mail, com alguns argumentos que suportam a necessidade da criação da Ordem de Professores, e que aqui deixamos para reflexão.


No Fórum 96 – Pensar a Educação, realizado em Lisboa,
em Setembro de 1996, foi apresentada uma comunicação pelo Professor António de Oliveira Marques (1933-2007), um académico louvado em vida e recordado em morte como um dos mais importantes historiadores do Portugal contemporâneo (a sua História de Portugal, em três volumes, Editorial Presença, Lisboa, vai em 13 edições).

Transcrevo, verbo pro verbo, a notável intervenção, intitulada 'Para uma Ordem dos Professores', cujo texto me foi entregue com autorização de o divulgar publicamente. Como noutra ocasião (no meu livro Do Caos à Ordem dos Professores, 2004. pp. 135-137), faço-o com o maior gosto pela importância de que se reveste numa altura em que a Ordem dos Professores está, cada vez mais, na ordem do dia:

'Há anos num congresso do professorado de História reunido em Santarém sugeri a criação de uma Ordem de Historiadores, onde se incluiriam professores e não professores devotados ao mister. Por razões várias, entre elas os habituais desejos de protagonismo de alguns ou os paralelos desejos de sabotagem do protagonismo de outros, a ideia – que nem sequer era projecto – não vingou.

Vem falar-se agora de um alargamento dessa 'Ordem' a todos os docentes – primários (agora diz-se 'básicos', não sei se com o acordo deles), secundários e universitários ('superiores' não, porque os outros não são inferiores) – o que eu acho muito bem, a que dou o meu total aplauso e com a qual colaborarei quando se fundar – a menos que me exijam cotas proporcionais ao ordenado. Porque, então, nada feito ou com um número proporcional de votos proporcional também…

Mas 'Ordem' porquê? Não há já sindicatos, associações e outros agrupamentos similares?

Há. Mas um sindicato, por definição e história, existe para defender interesses sobretudo materiais e de bem-estar profissional. E, por razões práticas, restringe-se a fracções profissionais e especiais. Uma associação é um conceito vago, onde tudo cabe, sem rigor, sem objectivo específico como tal.

Uma Ordem desta natureza é, para começar, e em termos filosóficos, um grupo conceptualmente próximo da totalidade dos seus elementos. Nela cabem todos os professores, seja qual o ramo de ensino, a qualificação profissional ou o local onde exercem a sua actividade. Mas a ordem não é equivalente de uniformidade ou monotonia. Quanto mais dominarem, numa multiplicidade, o sentido e a unidade, tanto mais desaparece a uniformidade. Tão-pouco se deve equiparar a Ordem ao estático. A Ordem pode realizar-se de modo dinâmico, como a todos interessa.

Depois, e ainda, a Ordem surge como defesa ética e até estética, de toda uma profissão e de toda uma deontologia. Embora lhe possam interessar questões salariais e de promoção profissional – como lhe importa tudo o que diz respeito ao professorado -, a Ordem delega esses assuntos nos sindicatos, respeitando o espaço tradicional que sempre lhe tem cabido e que sempre tem defendido com honra e dignidade. A Ordem vai preferentemente ocupar-se de outros temas: a dignificação geral da profissão docente, nos seus vários níveis, tão vilipendiada, caluniada e desprestigiada nos tempos que correm; a defesa do docente contra as interferências constantes na sua actividade, na sua autoridade e nos seus conhecimentos; por parte do Estado, das autarquias, dos partidos políticos, das igrejas e cleros, das associações de pais, dos grupos ecológicos e tantos outros, colectividades e indivíduos que, dia após dia, lhe querem apontar caminhos, recordar deveres e criticar métodos, arredando-a ou, pelo menos, afastando-a desse diálogo que deve ser único, entre professor e aluno; a especificidade e a seriedade da profissão ensinante, com a recusa ao amadorismo e a rejeição do aprendizado extracurricular; a elaboração de um código de professorado onde se contenham as suas obrigações e os seus compromisso; a representação da classe docente como um todo, dentro e fora do País; a actualização e reciclagem permanente e organizadas de conhecimentos e métodos de ensino aos vários níveis; o estudo das necessidades e carências lectivas do País e a sua correcção tanto quanto lhe for possível; a inventariação e classificação completas e correctas do universo docente; a humanização do ensino, das relações entre docentes, das relações entre discentes e das relações entre uns e outros, a superintendência – sem intuitos de censura – dos manuais escolares nacionais; a paz e a harmonia entre os membros da classe docente com a possível arbitragem entre eventuais conflitos, tanto de carácter profissional quanto pessoal; e o exame e a resolução de todo e qualquer assunto, interior ou exterior à orgânica da Ordem, que, de perto ou de longe, afecte ou interesse à profissão docente, quer em Portugal quer fora dele.

Enumerei questões a esmo, sem preocupação de as arrumar nem hierarquizar convenientemente. Esqueci-me ou não falei de muitas. Mas por elas se poderá ter uma ideia do papel relevante de uma Ordem dos Professores e do seu lugar na sociedade portuguesa'.

sábado, 6 de setembro de 2008

RUPTURA! VAMOS A ISTO?


Minhas caras e meus caros colegas,

É preciso uma ruptura com o sistema.

Muito se tem discutido sobre a forma mais eficaz de luta. Só há três caminhos: a acomodação (alguns dos efeitos já estão à vista), a luta dentro do sistema (a mais cómoda, mas pouco eficaz) e a luta contra o sistema (a única capaz de estancar o esvaziamento para que se caminha).

Sindicatos? Sim, poderia ser a criação de um VERDADEIRO sindicato. Mas, em tamanho alfobre de designações e no descrédito que induziram, não vale a pena!

Associações? Movimentos? Muito importantes. Mas, na diversidade que os distingue, acabam por nunca conseguir acolher unanimidade.

Resta uma solução: a ruptura. E a ruptura, neste momento, só pode ser realizada através de algo novo ou incomum. A luta dos professores só pode passar pela definitiva criação de uma ORDEM ou através da criação de um PARTIDO político de pendor profissional.

Vão amadurecendo a ideia. Mas não demorem muito... que os ardilosos que querem extinguir por completo uma das mais profissão mais nobres - PROFESSOR - há muito a reduziram à insignificância.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

A OCDE DESMENTE O MINISTÉRIO


O que o Ministério sabe mas esconde cobardemente, de forma a virar os portugueses menos esclarecidos contra os que trabalham dia a dia para dar um futuro melhor aos filhos dos outros.

"Os PROFESSORES em Portugal não são assim tão maus..."

Consulte a última versão (2006) do Education at a Glance, publicado pela OCDE, em
http://www.oecd.org/dataoecd/44/35/37376068.pdf.

Se for à página 58, verá desmontada a convicção generalizada de que os professores portugueses passam pouco tempo na escola e que no estrangeiro não é assim.
É apresentado, no estudo, o tempo de permanência na escola, onde os professores portugueses estão em 14º lugar (em 28 países), com tempos de permanência superiores aos japoneses, húngaros, coreanos, espanhóis, gregos, italianos, finlandeses, austríacos, franceses, dinamarqueses, luxamburgueses, checos, islandeses e noruegueses!

No mesmo documento de 2006 poderá verificar, na página 56, que os professores portugueses estão em 21º lugar (em 31 países) quanto a salários!
Na página 32 poderá verificar que, quanto a investimento na educação em relação ao PIB, estamos num modesto 19º lugar (em 31 países) e que estamos em 23º lugar (em 31 países) quanto ao investimento por aluno.
E isto, o M.E. não manda publicar...
Não tem problema. Já estamos habituados a fazer todos os serviços.
Nós divulgamos aqui e passamos ao maior número de pessoas possível, para que se divulgue e publique a verdade.

A gestão democrática acabou. Vem aí o director



Espigueiro em Brufe, no Gerês, em dia de nevoeiro
1. Até Maio de 2009, o director tem de estar eleito pelo Conselho de Escola.
As etapas do processo que dizem respeito ao regime de autonomia e gestão das escolas devem estar terminadas até ao final de Maio de 2009, incluindo a alteração dos regulamentos internos dos estabelecimentos de ensino e a eleição do primeiro director. Com o novo diploma, os conselhos executivos são substituídos por um director com poderes reforçados e que poderá ser um docente do ensino público ou do particular e cooperativo com, pelo menos, cinco anos de serviço e qualificação para o exercício das funções de gestão escolar. "Entre as qualificações exigíveis para o desempenho do cargo contam-se a formação especializada em administração escolar ou educacional, a realização de um mestrado ou de um doutoramento nestas áreas ou, ainda, a experiência correspondente a um mandato completo com funções directivas na escola", adianta o ME.
2. A assembleia de escola deixa de existir e surge um conselho geral
O Conselho Geral tem a tarefa de eleger e destituir o director, e é constituído por representantes de professores, alunos, pais e autarquias. Neste conselho geral, estipulou-se que a participação dos trabalhadores docentes e não docentes é de 50%.
3. O conselho pedagógico mantém-se, só que é designado pelo director.
Prevê-se ainda que o período de transição e de adaptação ao novo regime seja assegurado por um conselho geral transitório constituído por sete representantes dos docentes, dois dos não docentes e de um aluno quando se trate de um estabelecimento do ensino secundário, cinco representantes dos pais e encarregados de educação, três da autarquia e três da comunidade local. Para o ME, esta legislação "visa reforçar a participação das famílias e das comunidades na direcção estratégica dos estabelecimentos de ensino, favorecer a constituição de lideranças fortes e reforçar a autonomia das escolas". A FNE contestou a mudança. "Como podemos ver os docentes e não docentes estão em minoria, o presidente do conselho geral e do conselho geral transitório não podem sair dos nossos representantes, estamos perante uma democracia de fachada", sublinhou, a propósito.
Fonte: email enviado por A. Gralheiro
Comentário
A gestão democrática já estava moribunda. Faltava apenas passar a certidão de óbito. A esmagadora maioria dos PCEs há muitos anos que deixaram de ser professores. As opiniões e tomadas de posição do Conselho de Escolas e sobretudo do Presidente do Conselho de Escolas constituem um alinhamento com as políticas educativas de MLR. A eleição do director pelo Conselho Geral simboliza a passagem do atestado de óbito a um morto deixado por sepultar: um cadáver em putrefação. A partir de Maio, os professores têm de olhar para o director como representante do patrão/ME e, portanto, como um adversário que tem de ser respeitado mas com quem não é possível fazer amizade. O director passa a ser o representante da entidade patronal na escola e, portanto, alguém em quem não é possível confiar.
Há escolas que têm o processo mais avançado e que irão ter director já em Janeiro. Tem havido muita pressa e muita pressão das DREs para as escolas acelerarem o processo. O ME tem muita vontade de passar a certidão de óbito à gestão democrática moribunda. Com a passagem da certidão de óbito, apaga-se por completo a última réstia de democracia nas organizações do Estado. Com efeito, as escolas públicas eram, até há pouco tempo, as únicas organizações dotadas de gestão democrática no país. Não deixa de ser irónico que tenha sido pela mão de um Partido Dito Socialista que essa morte foi decretada e imposta

terça-feira, 2 de setembro de 2008

As medidas que a FENPROF propõe para melhorar a qualidade do ensino


Ribeira em Vilarinho das Furnas, Parque Nacional da Peneda e Gerês

À semelhança da FNE, também a FENPROF aproveitou o fim das férias e o regresso dos professores às escolas para divulgar um conjunto de medidas que poderão melhorar a qualidade do ensino e a vida nas escolas:
1. Redução do número de alunos por turma;
2. Redução do número de níveis e de turmas atribuídos a cada professor;
3. Apoio às escolas para que desenvolvam os seus próprios projectos de combate ao abandono e insucesso escolares;
4. Apoio efectivo a alunos com necessidades educativas especiais;
5. Adequação do número de lugares de quadro nas escolas às suas efectivas necessidades;
6. Alargamento da rede pública de jardins de infância;
7. Criação das equipas educativas no 1.º Ciclo do Ensino Básico;
8. Desenvolvimento de um plano nacional de combate ao analfabetismo;
9. Aumento das qualificações académicas e profissionais da população;
10. Fim do encerramento cego de escolas;
11. Redução da idade para a aposentação;
12. Alteração dos horários de trabalho dos professores de forma a combater a sobrecarga a que estão sujeitos.

O diagnóstico está feito e as medidas estão identificadas. Agora é necessário que os professores voltem a acreditar e que os sindicatos regressem à mobilização.